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Mundo Há mais de cinco meses, moradores da Grande Buenos Aires vivem sob confinamento devido ao coronavírus

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Governo prepara um toque de recolher noturno, com fechamento de bares e restaurantes, e quer limitar o transporte público e a circulação de pessoas. (Foto: Reprodução)

Dentro de alguns anos, quando os livros de história abordarem a  atual pandemia de coronavírus, leremos muito sobre a estratégia alternativa da Suécia, que apostou na responsabilidade individual dos cidadãos, mas que assim vitimou muitos idosos. Certamente também será dedicado um capítulo aos Estados Unidos, o país com o maior número de infecções e mortes.

E em seguida talvez se fale também sobre um país que decretou a quarentena mais longa do mundo, por bons motivos, mas que trouxe consequências fatais para a população confinada: a Argentina.

Em 3 de março, o primeiro caso de covid-19 da Argentina foi confirmado em Buenos Aires: um homem que havia retornado de Milão. Quatro dias depois, o Ministério da Saúde confirmou a primeira morte por coronavírus – e, ao mesmo tempo, o primeiro falecimento em decorrência do vírus registrado na América Latina.

Em 20 de março, entrou em vigor o toque de recolher em todo o país. E desde então, os moradores da Grande Buenos Aires, epicentro do coronavírus no país, não podem mais deixar seus apartamentos ou casas a não ser para ir às compras ou à farmácia mais próxima. Já são mais de cinco meses de quarentena, apelidada no país de “quareterna”.

A pergunta que muitos argentinos completamente irritados se fazem agora é: o que é pior? A doença ou o remédio contra ela?

Efeitos colaterais

De acordo com um estudo da Faculdade de Psicologia da Universidade de Buenos Aires, dois em cada três argentinos têm sérios problemas de sono atualmente, aponta o analista político Rosendo Fraga.

“Na classe média, as pessoas se rebelam, e entre os pobres, observam-se casos graves de depressão”, observa Fraga, que dirige um think tank argentino em Buenos Aires que há décadas se debruça sobre os problemas políticos e econômicos do país.

Agora, muitos se perguntam sobre as possíveis consequências de uma quarentena tão longa para a sociedade argentina.

“As pessoas estão no limite, já não aguentam mais, estão mal. O governo do [presidente Alberto] Fernández simplesmente subestimou os efeitos psicológicos de uma quarentena tão longa sobre a população.”

O sono não é o único problema. O número de casos de depressão quintuplicou. Desde o início da quarentena, um em cada dois argentinos deixou de realizar atividades benéficas para a saúde. Quase metade recorre à bebida com mais frequência do que antes da pandemia, e o consumo de cigarros e drogas ilegais também aumentou drasticamente. E seis em cada dez argentinos engordaram.

Críticas ao governo

“Não estou obcecado com a quarentena, estou obcecado com a saúde dos argentinos”, defendeu o presidente Alberto Fernández em ocasião da décima prorrogação da quarentena, agora até o dia 30 de agosto.

O presidente está diante de um beco sem saída: apesar das rígidas restrições de circulação, a Argentina ainda se encontra bem no meio da pandemia. Somente na última segunda-feira (24), foram registrados quase 9 mil infecções e 382 mortes por covid-19, os maiores números desde o início da crise.

O vírus encontrou condições ideais para se disseminar no país: muitos argentinos vivem na pobreza e, consequentemente, em moradias apertadas e sem possibilidade de manter as regras de distanciamento. Quem trabalha no setor informal e tem que alimentar a família acaba não respeitando as diretrizes. E o vírus, ainda por cima, atingiu o país em pleno inverno argentino.

“Para o governo, trata-se de uma situação extremamente difícil”, diz Fraga, acrescentando que “a pandemia se encontra no auge justamente agora, quando as pessoas estão simplesmente fartas da quarentena eterna”.

Se Fernández suspender o lockdown nos próximos dias, o número de infecções irá disparar (até esta sexta-feira foram mais de 380 mil e mais de 8 mil mortes). Se ele prorrogar a quarentena de novo, as pessoas vão se revoltar, avalia o analista.

Quando o presidente proibiu celebrações familiares e encontros com amigos, no início de agosto, muitos argentinos se indignaram. No dia 17 de agosto, feriado nacional em homenagem ao independentista José de San Martín, milhares foram às ruas para protestar contra as restrições de circulação. Pois é justamente no país com a maior densidade de psicólogos do mundo que os nervos estão à flor da pele, já que muitos temem por seus empregos ou já o perderam.

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https://www.osul.com.br/ha-mais-de-cinco-meses-moradores-da-grande-buenos-aires-vivem-sob-confinamento-devido-ao-coronavirus/ Há mais de cinco meses, moradores da Grande Buenos Aires vivem sob confinamento devido ao coronavírus 2020-08-28
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