Quinta-feira, 01 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 3 de outubro de 2016
O Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina deste ano foi concedido para o japonês Yoshinori Ohsumi, de 71 anos, que realizou uma pesquisa sobre os mecanismos da autofagia, uma área fundamental da ciência biológica.
A autofagia é uma função celular ligada ao reaproveitamento de componentes celulares e também está relacionada a doenças. A falha desse mecanismo faz com que o organismo não consiga se livrar de “lixo celular”, causando seu acúmulo e doenças como alzheimer e diabetes.
Etimologicamente, autofagia significa “comer a si próprio” e o conceito surgiu na década de 1960. O processo está intimamente relacionado a uma estrutura denominada lisossomo – já velha conhecida dos livros básicos de biologia.
O belga Christian de Duve (1917-2013) ganhou o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1974 pela descoberta dessa organela celular. Restava saber, no entanto, como era a estratégia da célula para fazer o “descarregamento” de lixo celular até o lisossomo.
Os cientistas já haviam observado que outros compartimentos celulares (que passaram a ser denominados autofagossomos) tinham aparentemente uma rota certa até encontrarem o lisossomo. O problema era entender como isso funcionava.
Aí é que foi a grande sacada do japonês, que traçou uma estratégia que permitiu o estudo do mecanismo de autofagia em levedura – organismos unicelulares do reino dos fungos fáceis de se manter em laboratório. Ele conseguiu produzir leveduras mutantes que não conseguiam completar o processo de reaproveitamento do material celular, o que ajudou no estudo da autofagia. Esse trabalho foi publicado em 1993.
O processo de autofagia pode ser usado pela célula para prover energia rapidamente para algum processo e também para fornecer “peças” para a construção de outras proteínas e componentes que sejam mais necessários do que a parte descartada ou defeituosa. O mecanismo, finamente controlado por 15 genes, também é importante na falta de nutrientes.
A autofagia também está presente, por exemplo, quando é necessário eliminar vírus e bactérias durante uma infecção. Também é um controle de qualidade importante para remover organelas e proteínas defeituosas por causa do envelhecimento. (Folhapress)