Quarta-feira, 09 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 3 de julho de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu homólogo argentino, Javier Milei, voltaram a se antagonizar nessa quinta-feira (3), durante a Cúpula do Mercosul em Buenos Aires. Em seus discursos no evento, quando Milei passou a presidência rotativa do bloco para Lula, os dois líderes expressaram mais uma vez suas visões opostas sobre a importância e o papel do grupo econômico.
Enquanto o brasileiro afirmou que o Mercosul “protege” seus integrantes, Milei criticou as restrições impostas aos membros para firmarem acordos fora do bloco, o que comparou a uma “cortina de ferro”.
“A barreira que levantamos para nos proteger comercialmente em um momento que considerávamos valioso terminou por nos excluir do comércio e da competição globais e acabou castigando nossas populações com bens piores e serviços a preços piores”, declarou o líder argentino.
Momentos depois, Lula afirmou que “toda a América do Sul se tornou uma área de livre comércio baseada em regras claras e equilibradas. Estar no Mercosul nos protege. Nossa tarifa externa comum nos blinda de guerras comerciais alheias”.
Esta é a primeira vez que o petista visita o país vizinho, seu maior parceiro comercial na América Latina, desde que Milei assumiu a Presidência, em dezembro de 2023.
Não houve, contudo, reunião bilateral entre os dois, conforme a agenda divulgada pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência.
Logo após a reunião, Lula visitou a ex-presidente Cristina Kirchner, que no momento cumpre prisão domiciliar, após ser condenada a seis anos de reclusão por administração fraudulenta em detrimento do Estado.
Enquanto esteve preso, entre 2018 e 2019, Lula recebeu a visita de Alberto Fernández, na época candidato peronista e de quem Cristina viria a ser vice-presidente.
Os discursos antagônicos do presidente brasileiro e do líder argentino marcam mais um episódio de uma relação pontuada por discordâncias e trocas de farpas entre os dois.
O economista argentino, que se autodefine como “anarcocapitalista”, endereça provocações ao presidente brasileiro desde as eleições na Argentina, em 2023.
Ainda quando era candidato, Milei disse que Lula era um “comunista nervoso”. O acusou, sem apresentar provas, de financiar a campanha de seu adversário, Sergio Massa, recebido por Lula no Planalto durante a campanha argentina.
Dias antes do segundo turno, Lula afirmou que a Argentina precisava de um presidente de “gostasse de democracia”.
Passadas as eleições, as rusgas continuaram. O petista não foi à cerimônia de posse de Milei, enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não só compareceu, como se sentou ao lado dos demais chefes de Estado.
A animosidade entre os dois amargou a relação diplomática entre os países: Lula nunca havia estado na Argentina sob o comando de Milei até agora.
Já seu homólogo já esteve no Brasil em dois momentos. Mas ao menos um deles não foi nada protocolar.
A primeira visita foi durante a 64ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em julho do ano passado, mas ele não compareceu. Ao invés disso, viajou para Balneário Camboriú (SC) onde participou da Conferência de Ação Política Conservadora (CAPC), um fórum da direita brasileira, organizado pelo deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) .
Na segunda vez, esteve no encontro do G20, grupo das maiores economias do mundo, em novembro do ano passado. Na ocasião, ficou frente a frente Lula pela primeira vez. Sem sorrisos, ambos se cumprimentaram e tiraram uma foto protocolar. As informações são da BBC News.