Sábado, 21 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 28 de dezembro de 2017
Um estudo publicado pela revista científica norte-americana JAMA na última terça-feira, 26, mostrou que o número de mulheres que consomem maconha durante suas gestações aumentou nos Estados Unidos.
De 2009 a 2016, o uso da droga entre grávidas cresceu de 4,2% para 7,1%. O levantamento foi feito com base em um banco de dados do sistema de saúde do estado da Califórnia (onde a maconha é permitida para uso pessoal para quem tiver a partir de 21 anos) com cerca de 318 mil mulheres gestantes.
Se consideradas as mulheres de 18 anos ou menos, o dado muda: o uso da maconha entre elas durante a gravidez aumentou de 12,5% para 21,8%. Já o recorte de mulheres entre 18 a 24 anos mostra o aumento de 9,8% para 19%.
Em janeiro de 2017, um outro estudo, também publicado pela JAMA, teve resultados similares: o consumo de maconha entre mulheres grávidas havia passado de 2,3% em 2002 para 3,85% em 2014.
Enjoos, náuseas e insônia
Mas por que essas mulheres se sentem cada vez mais confortáveis em fazer uso da droga ao longo de suas gestações? Os pesquisadores acreditam que se trata de tentativas de aliviar sintomas que o período geralmente traz.
Enjoos, náuseas, ansiedade e até insônia. A maconha é conhecida por fazer seus usuários se sentirem relaxados e até aliviados de algumas dores. É, inclusive, uma droga comumente usada para tratar a náusea em pacientes em tratamento de câncer.
Uma mãe americana que utiliza maconha relatou que não deixou de fumar seu baseado diário, mesmo após o nascimento do filho. Quando começou, foi porque a insônia a perturbava nos primeiros meses da gestação. Como se não bastasse, o enjoo e a falta de apetite eram outros infortúnios com o qual ela tinha que lidar. O “remédio” encontrado para os males de uma grávida de primeira viagem foi a maconha, mesmo sendo polêmico. “Passei a fumar antes de dormir, quando me sentia enjoada ou sem vontade alguma de comer. Um trago apenas já trazia um enorme alívio”, conta ela, que vê na cannabis um propósito terapêutico.
Segundo a americana, a utilização é feita “sem abusos, claro, e nunca em ambientes fechados” quando está ao lado do seu filho. Para ela, a pecha de “mãe drogada” vem junto com uma visão “aprisionante” da “maternidade perfeita” e deve ser combatida. “Sou dona de casa, trabalhadora, mãe amorosa e pago meus impostos. Mas antes disso sou mulher, mando no meu corpo e decido o que faz bem pra ele. E mulheres não são perdoadas quando mães. Pelo contrário: são colocadas na cruz”, afirma.
A droga pode trazer más consequências para o bebê
O Ministério da Saúde dos Estados Unidos produziu uma espécie de cartilha pontuando as más consequências do uso da substância nessa fase. De acordo com ela, “embora faltem pesquisa para entender como a maconha pode afetar você e seu bebê durante gravidez, o uso é contraindicado pois há riscos do principal componente da droga, o tetrahidrocanabinol ou THC, passar pelo seu sistema para o do bebê”. No Brasil, estudos sobre o tema ainda são escassos.