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Política Ministro da Educação diz que gays vêm de “famílias desajustadas”, com “falta de atenção” dos pais

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"É claro que é importante mostrar que há tolerância, mas normalizar isso e achar que está tudo certo, é uma questão de opinião", disse Ribeiro

Foto: Isac Nóbrega/PR
"A opção que você tem como adulto de ser um homossexual, eu respeito, mas não concordo", afirmou o ministro em entrevista. (Foto: Isac Nóbrega/PR)

Ao ser questionado sobre a educação sexual nas escolas brasileiras, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse que é importante mostrar “que há tolerância”, mas que “o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo” vêm, algumas vezes, de “famílias desajustadas”.

Ele afirmou que as escolas “perdem tempo” falando de “ideologia” e ensinando sobre sexo, sobre “como colocar uma camisinha”. Segundo o ministro, a abordagem pode favorecer uma “erotização das crianças”. As declarações foram dadas em uma entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada nesta quinta-feira (24).

Para o ministro, discussões sobre gênero não deveriam ocorrer nas escolas. “Quando o menino tiver 17, 18 anos, vai ter condição de optar. E não é normal. A biologia diz que não é normal a questão de gênero. A opção que você tem como adulto de ser homossexual, eu respeito, mas não concordo”, afirmou.

“É claro que é importante mostrar que há tolerância, mas normalizar isso e achar que está tudo certo, é uma questão de opinião”, disse. “Acho que o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo têm um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe. Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem de fato. São questões de valores e princípios”, declarou Ribeiro.

Internet

Também na entrevista, Ribeiro afirmou que resolver os problemas de acesso à internet dos estudantes brasileiros não é uma atribuição da pasta. Segundo ele, cabe aos Estados e municípios garantir o ensino remoto durante a pandemia de coronavírus.

Repercussão

Para Andressa Pellanda, coordenadora-geral da Campanha Nacional pela Educação, o ministro  tem “uma opinião discriminatória. É um crime falar isso como representante do estado. O governo não pode ter um tipo de pronunciamento discriminatório assim”.

Para Pellanda, o ministro da Educação apresenta uma “interpretação equivocada” da Constituição ao transferir a responsabilidade sobre a volta às aulas apenas para estados e municípios.

“Quando ele fala que quem tem jurisdição [sobre a volta às aulas presenciais] são estados e municípios, é verdade. Mas isso não exime o Ministério da Educação, que representa a União no sistema federativo, da sua responsabilidade redistributiva e superlativa em termos técnicos e financeiros, como cita o artigo 211 da Constituição Federal”, diz.

“O artigo 206 fala da igualdade de acesso e permanência na escola, do padrão de qualidade, que precisa ser garantido pela União, estados e municípios. O ministro utilizou de uma interpretação equivocada para se eximir da responsabilidade. A União tem responsabilidade técnica e financeira sobre a educação básica no apoio às redes”, afirma ela.

Eduardo Luiz Barbosa, coordenador-geral do Centro de Referência e Defesa da Diversidade, ONG em defesa dos direitos LGBTQI+ de São Paulo, afirma que há “desinformação” do ministro Milton Ribeiro sobre o tema e terminologias. O ministro usa a palavra “homossexualismo”, por exemplo, que vincula a homossexualidade à doença devido ao sufixo “ismo”, o que já é amplamente conhecido como falso.

Vitor de Angelo, vice-presidente do Conselho Nacional de Secretários da Educação (Consed), diz que trazer à tona a discussão sobre valores morais na educação tira o foco dos problemas do país.

“É ruim, porque reacende o debate de assuntos que podem ter importância para grupos específicos, mas não são as grandes questões e os grandes desafios da educação brasileira. Quanto mais a gente caminha para este lado, mais nos afastamos dos desafios fundamentais para o país.”

Erika Hilton, ativista dos direitos LGBTQI+, diz que o ministro, ao associar a homossexualidade a problemas familiares, coloca a comunidade como “cidadãos de segunda classe” que precisam se adequar “às normas cis-hétero”.

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