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Tito Guarniere Moro, ética e imprensa

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"O Brasil não pode retroceder e destruir o passado recente de combate à corrupção e à impunidade", afirmou Moro. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

O ex-juiz Sérgio Moro não parece ligar muito para certas formalidades éticas. Tendo sido o juiz responsável pela condenação de Lula, impedindo-o de concorrer, e escancarando o caminho para a vitória de Bolsonaro, não se acanhou em aceitar o convite do novo governo, para assumir o Ministério da Justiça.

Moro poderia condenar Lula – mesmo com todos os questionamentos que hoje existem a respeito de sua atuação no caso – mas ao aceitar o cargo no governo Bolsonaro, faltou-lhe o senso comum de honra e decoro. Não basta ser honesto, tem de parecer honesto. O ex-juiz deu razão a todos os seus detratores – para usar uma palavra em voga.

Moro, com a sua peculiar visão ética, agora aceitou novo cargo, desta vez de diretor de uma companhia multinacional de consultoria, a Alvarez & Marsal, que vem a ser a administradora da recuperação judicial da Odebrecht, e que, a bons preços, presta serviços a outras empresas enroladas na Lava Jato, como a OAS, a Sete Brasil e a Queiroz Galvão.

Ou seja, mudou de lado no balcão. Antes o juiz implacável brandia a mão de ferro, autorizando delações premiadas, grampos telefônicos, quebra de sigilo e prisões em alto estilo, inculpando e condenando a penas duríssimas dirigentes de empresas envolvidas, como a Odebrecht. Agora, é diretor de uma empresa que tem a obrigação legal de promover a recuperação de uma das empresas, a Odebrecht, e de outras, que ele – Moro – ajudou a quebrar.

Diz-se que ele não tratará de assuntos de empresas e dirigentes que foram objeto de sua atuação como juiz. Há otários para todos os gostos, como aqueles que dão crédito a essa versão sebosa, ofensiva à inteligência, de que Moro foi contratado por outras e altruístas razões, que não fossem o conhecimento, por dentro e no detalhe, dos eventos relacionados com a Lava Jato.

Já o Ministério da Fazenda, cujo titular é o confuso e ineficiente Paulo Guedes, contratou uma empresa de consultoria – sempre elas, empresas de consultoria! – para classificar jornalistas, economistas e professores universitários, entre detratores, neutros-informativos e favoráveis ao governo.

O viés dessa lambança é abusivo e autoritário. A lista é mal feita, quase aleatória, ignora nomes relevantes de quem é contra e de quem é a favor do governo. Não serve a nenhum propósito decente, e desnuda mais uma vez o grau de ignorância e desprezo do governo em relação ao papel da imprensa.

Também se soube, através do jornal O Estado de São Paulo, que alguns sites e blogs bolsonaristas são alimentados por informações diretas e exclusivas do Palácio do Planalto. Esse “privilégio” é ilegal. De tabela, os aliados do presidente faturam uma nota com a monetização de inserções no YouTube – mais de R$ 100 mil mensais.

Os governantes, todos eles, adoram usar os recursos do Estado para fazer propaganda pessoal e vincular notícias de interesse do governo. No tempo de Lula e Dilma, blogs e sites notórios e conhecidos, atuavam com fervor patriótico em favor do governo. Como ninguém é de ferro, o faziam com o prestigioso patrocínio do Banco do Brasil, da Caixa e da Petrobras.

 

 

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