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Mundo Morre Frederik de Klerk, ex-presidente da África do Sul que negociou o fim do apartheid e ganhou o Nobel da Paz com Mandela

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Frederik Willem de Klerk libertou o líder da luta contra o regime de segregação racial, Nelson Mandela. (Foto: Divulgação)

O último presidente branco da África do Sul, Frederik Willem de Klerk, morreu nesta quinta-feira (10), em casa, na Cidade do Cabo, aos 85 anos. De Klerk foi o responsável por negociar o fim do sistema do apartheid que seus antecessores e ele próprio ajudaram a construir. Nesse processo, libertou o líder da luta contra o regime de segregação racial, Nelson Mandela, com quem compartilhou o Nobel da Paz de 1993 e que se tornou presidente sul-africano em 1994.

“É com grande tristeza que a Fundação FW de Klerk anuncia a morte do ex-presidente FW de Klerk em sua residência esta manhã, depois de uma luta contra o câncer”, anunciou sua fundação em um comunicado. A instituição divulgou um vídeo, gravado em data não divulgada, em que ele pede desculpas pelos crimes do apartheid. “Eu peço desculpas pela dor, mágoa, indignidade e pelos danos que o apartheid causou a negros, pardos e indianos na África do Sul”, diz.

De Klerk surpreendeu o mundo quando negociou a transferência pacífica do poder para um governo liderado por um representante da maioria negra. No entanto, embora tenha sido festejado em todo o mundo, recebeu o desprezo de muitos negros indignados por sua incapacidade de conter a violência política nos anos turbulentos que antecederam as primeiras eleições com o voto universal, em 1994.

Ao mesmo tempo, afrikaners brancos de direita, descendentes de colonos holandeses e franceses que há muito governavam o país sob o Partido Nacional de De Klerk, viam-no como um traidor de suas causas de nacionalismo e supremacia branca.

A metamorfose de De Klerk – de serviçal do apartheid para artífice de sua demolição – espelhava a de Mikhail Gorbachev na ex-União Soviética. Ambos eram homens do sistema que alcançaram o auge do poder antes de o reformarem. O colapso da União Soviética de Gorbachev e do comunismo no Leste Europeu ajudou a pavimentar o caminho para De Klerk abolir o sistema de segregação racial, pois removeu o espectro da “ameaça vermelha” que havia assombrado gerações de sul-africanos brancos.

“Os primeiros meses de minha Presidência coincidiram com a desintegração do comunismo na Europa Oriental”, escreveu de Klerk em sua autobiografia, “The last trek: a new beginning” (“A última jornada: um novo começo”). “Em poucos meses, uma de nossas principais preocupações estratégicas por décadas se foi. Uma janela se abriu repentinamente, criando uma oportunidade para uma política muito mais ousada do que se imaginava anteriormente.”

Menos de três meses após a queda do Muro de Berlim, em novembro de 1989, De Klerk abriu o caminho para o fim de mais de quatro décadas de apartheid com um discurso bombástico no Parlamento, em 2 de fevereiro de 1990, que suspendeu o banimento do Congresso Nacional Africano (CNA) e anunciou a libertação de Mandela, seu líder, após 27 anos atrás das grades.

Temendo um vazamento e uma reação dos brancos de direita, De Klerk manteve a decisão em segredo para quase todos os ministros. Nem mesmo sua mulher sabia, até o momento em que ela e De Klerk se dirigiram ao Parlamento.

Nas comemorações do 70º aniversário de De Klerk, em 2006, Mandela elogiou seu antecessor por ter ousado aquele salto histórico, rumo ao desconhecido político. “Você demonstrou uma coragem que poucos tiveram em circunstâncias semelhantes”, disse Mandela, que morreu em dezembro de 2013, aos 95 anos, menos de seis meses antes do 20º aniversário das primeiras eleições universais sul-africanas.

De Klerk iniciou sua carreira parlamentar em 1972, na cidade de Vereeniging, e foi por vários anos ministro encarregado de um sistema de ensino que gastava 10 vezes mais com crianças brancas do que com negros.

Ele desafiou o então ministro das Finanças, Barend du Plessis, na eleição no Partido Nacional que em 1989 escolheu o sucessor de Pieter Willem Botha, então doente. Botha foi afastado da Presidência em um golpe interno meses depois. Ele não demonstrou remorso pelo apartheid até sua morte, em 2006, aos 90 anos.

A ascensão de De Klerk foi vista como uma consolidação do regime da minoria branca e ameaçou aumentar o conflito racial que já havia matado mais de 20 mil negros.

“Quando ele se tornou o chefe do Partido Nacional, parecia ser o homem do partido por excelência, nada mais, nada menos. Nada em seu passado parecia sugerir um espírito de reforma”, escreveu Mandela em sua autobiografia, “Longa caminhada para a liberdade”.

As negociações para a transição pacífica para a democracia que se seguiram à libertação de Mandela foram realizadas sob crescente violência política. Muitas vezes, parecia que elas iriam descarrilar, o que quase certamente teria mergulhado a nação em uma sangrenta guerra civil. Analistas negros e brancos afirmavam que De Klerk era muito cauteloso ao se mover contra os direitistas das forças de segurança, suspeitos de fomentar a violência nas comunidades negras. Mas a paz prevaleceu, no que muitos comentaristas chamam de “milagre político”. As informações são da agência de notícias Reuters.

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