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Por Redação O Sul | 8 de maio de 2018
O presidente iraniano, Hasan Rohani, anunciou que o Irã “continuará” no acordo nuclear após a retirada dos Estados Unidos, se seus interesses forem garantidos, e que tomará “decisões” mais tarde caso isso não aconteça. “Devemos ter paciência para ver como os outros países reagem”, afirmou. Segundo ele o país não fez nada de errado e retirada é “inaceitável”.
Rouhani disse que o anúncio de Trump foi uma experiência histórica para o Irã e que os EUA nunca cumpriram seus compromissos.
A decisão de Donald Trump de retirar os EUA do acordo nuclear com o Irã teve repercussão imediata na comunidade internacional.
ONU
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que está profundamente preocupado com a decisão de Trump. Ele pediu que os demais países cumpram seus compromissos no acordo.
União Europeia
Federica Mogherini, chefe da diplomacia da União Europeia, disse que o acordo dissuadiria o Irã de obter armas nucleares e que o restante da comunidade internacional apoiará o pacto.
“A União Europeia está determinada a agir de acordo com seus interesses de segurança e a proteger seus investimentos econômicos”, disse Mogherini. “O acordo nuclear com o Irã é o ponto culminante de 12 anos de diplomacia. Ele pertence a toda a comunidade internacional ”.
Dirigindo-se ao Irã, Mogherini instou seus cidadãos e líderes a “não deixar ninguém desmantelar o acordo”.
França, Alemanha e Reino Unido
Reino Unido, Alemanha e França pediram aos Estados Unidos que não tomem medidas que tornem a vida mais difícil para outros países que ainda querem manter o acordo nuclear.
“Pedimos aos EUA que garantam que as estruturas do acordo permaneçam intactas e evitem tomar medidas que obstruam sua plena implementação por todas as outras partes do acordo”, disseram os líderes de Reino Unido, Alemanha e França em declaração conjunta divulgada pelo gabinete da primeira-ministra Theresa May.
May conversou por telefone com o presidente da França, Emmanuel Macron, e com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, depois que Trump fez sua declaração.
O presidente francês Emmanuel Macron, condenou a decisão em um post no Twitter.
“A França, a Alemanha e o Reino Unido lamentam a decisão dos EUA de deixar o JCPOA [acordo]. O regime de não proliferação nuclear está em jogo”, escreveu o francês. “Trabalharemos coletivamente em uma estrutura mais ampla, abrangendo a atividade nuclear, o período pós-2025, a atividade balística e a estabilidade no Oriente Médio, notadamente a Síria, o Iêmen e o Iraque”, completou.
Israel
O premiê israelense Benjamin Netanyahu afirmou que seu país aprecia muito a decisão de Trump, que classificou como “corajosa e correta”.
“Israel apóia totalmente a corajosa decisão do presidente Trump, hoje, de rejeitar o desastroso acordo nuclear com o regime terrorista em Teerã. Israel se opôs ao acordo nuclear desde o início porque dissemos que em vez de bloquear o caminho do Irã para uma bomba, o acordo na verdade abre o caminho do Irã para um arsenal inteiro de bombas nucleares, e isso dentro de alguns anos. A remoção de sanções sob o acordo já produziu resultados desastrosos. O acordo não levou a guerra ainda mais longe, na verdade, a aproximou”, disse Netanyahu.
“Desde o acordo, vimos a agressão do Irã crescer todos os dias – no Iraque, no Líbano, no Iêmen, em Gaza e, acima de tudo, na Síria, onde o Irã está tentando estabelecer bases militares para atacar Israel”, acrescentou.
Rússia
O vice-embaixador da Rússia na ONU, Dmitry Polyansky, disse que Moscou está “decepcionada” com a decisão do de Trump, mas não surpresa.
Turquia
A Turquia continuará seu comércio com o Irã o máximo possível e não prestará contas a ninguém a respeito, disse o ministro da economia turco Nihat Zeybekci. “De agora em diante, vamos realizar nosso comércio com o Irã, dentro do quadro possível, até o fim, e não prestaremos conta a ninguém por isso”, disse Zeybekci.
Arábia Saudita
“O Irã usou ganhos econômicos da suspensão das sanções para continuar suas atividades para desestabilizar a região, especialmente desenvolvendo mísseis balísticos e apoiando grupos terroristas na região”, disse um comunicado do governo saudita divulgado pela emissora de televisão Al Arabiya.
Barack Obama
O acordo com o Irã é considerado uma das principais marcas da política externa do ex-presidente. “Isso poderia encorajar um regime já perigoso; ameaçar nossos amigos com a destruição; representar perigo inaceitável para a segurança da própria América; e desencadear uma corrida armamentista na região mais perigosa do mundo. Se as restrições sobre o programa nuclear do Irã sob o JCPOA forem perdidas, poderemos estar nos aproximando do dia em que nos confrontaremos com a escolha entre viver com essa ameaça, ou ir à guerra para impedi-la”.