Segunda-feira, 30 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 7 de agosto de 2023
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) minimizou o fato de seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, ter negociado a venda de um relógio Rolex recebido em viagem oficial por R$ 300 mil.
A Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPMI) do 8 de Janeiro analisa e-mails de Cid negociando um relógio da marca Rolex, recebido junto de um conjunto de joias durante uma visita à Arábia Saudita em outubro de 2019.
Mauro Cid usou de seu direito de habeas corpus e optou por ficar em silêncio em seu depoimento à CPMI.
Após almoçar com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e o governador Tarcísio de Freitas, na sede da Prefeitura, Bolsonaro foi questionado pela imprensa sobre o assunto e respondeu ser natural alguém “querer cotar alguma coisa” na internet.
“Tudo o que o TCU me pediu foi entregue, inclusive um relógio parecido com aquele. Essa resposta do Cid tem que ver com o advogado dele. Não vejo nenhuma maldade em você cotar o preço de alguma coisa, é natural.”
Negociação
Ex-assessora da Presidência durante a gestão de Jair Bolsonaro, Maria Farani, que aparece como interlocutora de Mauro Cid em conversa por e-mail sobre a venda de um Rolex, afirmou que o tenente-coronel pediu a ela uma pesquisa na internet de contatos de possíveis compradores para o relógio.
De acordo com o material em posse da comissão, em 6 de junho de 2022, Cid recebeu um e-mail em inglês de uma interlocutora. “Obrigado pelo interesse em vender seu rolex. Tentei falar por telefone, mas não consegui”, disse ela. “Quanto você espera receber por ele? O mercado de Rolex usados está em baixa, especialmente para os relógios cravejados de platina e diamante, já que o valor é tão alto. Eu só quero ter certeza que estamos na mesma linha antes de fazermos tanta pesquisa”, escreveu.
Em resposta, Mauro Cid disse que não possuía o certificado do Rolex, pois “foi um presente recebido durante uma viagem oficial”, e que pretendia vender a peça por US$ 60 mil (cerca de R$ 300 mil, em cotação atual). Os e-mails não detalham o contexto do recebimento do relógio.
Caso Zambelli
Bolsonaro também foi questionado sobre o depoimento que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) deveria ter prestado à Polícia Federal nessa segunda-feira (7), o que acabou não ocorrendo. Ele se esquivou do tema, disse “não ter nada contra” Zambelli e esperar que ela “explique tudo” às autoridades.
“Eu estive com ela antes das eleições ano passado. Depois disso nunca mais estive com ela. Nem atendi telefonema dela. Ela queria falar comigo um tempo atrás, nem respondi. Vamos ver o que acontece disso com esse hacker, que tô conhecendo melhor agora”, afirmou o ex-presidente.
Zambelli deveria prestar depoimento por suspeita de contratar um hacker para invadir as contas do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e do Conselho Nacional de Justiça. A defesa da deputada alega não ter tido acesso ao processo.