Terça-feira, 08 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 27 de novembro de 2022
Desde o início da transição, o novo governo tem usado o espaço do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), espécie de sede provisória do governo Lula, para os sucessivos anúncios de novos integrantes da equipe de transição. A esta altura, porém, se precisasse reunir todo mundo, seria preciso utilizar um outro local. Com todos os anúncios feitos, a equipe chegou a 417 pessoas e já não cabe mais no auditório, que tem lotação máxima de 327 lugares.
Além dos 102 políticos já confirmados – parlamentares e políticos derrotados em outubro em campanha por um novo emprego – estão no grupo ex-ministros dos governos Lula, Dilma e Temer, celebridades, figuras do meio acadêmico e representantes da sociedade civil.
Para a sorte de Alckmin e do CCBB, muitos integrantes estão fora de Brasília e até no exterior, participando das discussões por videoconferência.
O tamanho da equipe incomoda até mesmo membros da própria transição, que consideram um “exagero” a quantidade de pessoas escaladas para colaborar com o novo governo.
“Estão usando os grupos de transição para montar o programa de governo que não foi apresentado durante as eleições”, alfineta um parlamentar da base aliada de Lula – e integrante de um dos grupos.
“Transição é lugar para quadros técnicos, não para políticos”, concorda um senador aliado.
Um dos grupos de trabalho mais congestionados da transição é o de Educação, com 22 pessoas, que já se tornou alvo de silenciosa disputa política nos bastidores pelo comando do ministério da área, o MEC, dono de um dos maiores orçamentos da Esplanada.
“Na educação há um exagero monumental e uma disputa entre o PT e os movimentos sociais versus as posições ligadas aos empresários que trava tudo, além da disputa entre o PT corporativo (a pedagoga e senadora eleita Teresa Leitão), Henrique Paim (ligado ao ex-ministro Fernando Haddad) e Luiz Cláudio Costa (próximo de Aloizio Mercadante, também ex-ministro)”, afirmou um integrante do grupo.
Outro GT congestionado é o da Justiça, onde estão os aspirantes ao comando da pasta – como o ex-governador Flávio Dino e o advogado Marco Aurélio de Carvalho, do grupo Prerrogativas, porta-voz das críticas aos métodos de investigação da Lava Jato – e aliados de Lula cotados para as vagas que serão abertas no Supremo Tribunal Federal (STF) no próximo ano, como os advogados Cristiano Zanin, Pierpaolo Bottini e Carol Proner.
No meio ambiente, os holofotes estão divididos entre as ex-ministras Marina Silva e Izabella Teixeira, ambas super cotadas para retornar ao controle da pasta – e que travaram “duelo de protagonismos” durante a conferência climática COP27, no Egito.
Não há espaço, nem no CCBB nem na Esplanada, para acomodar a ambição de tanta gente.