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Mundo O brasileiro ex-presidente do conselho da Nissan está preso há quatro meses em Tóquio e aguarda julgamento

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Esta é a quarta acusação contra o ex-presidente da Nissan. (Foto: Reprodução)

A detenção, as acusações e o longo período de encarceramento de Carlos Ghosn, ex-presidente do Conselho de Administração da Nissan, estão dificultando o trabalho de empresas japonesas que buscam recrutar no exterior executivos e profissionais para cargos seniores. E assustando os próprios executivos quanto à realidade de trabalhar no Japão. Ele está preso há quatro meses em Tóquio e aguarda julgamento.

Enquanto Ghosn entra em seu quarto mês preso em Tóquio e aguarda um julgamento que ainda pode demorar meses, o caso pode frustrar os esforços do país para diversificar suas corporações com talentos estrangeiros, segundo especialistas.

O Japão tem uma história limitada com diretores executivos estrangeiros. Além de Ghosn, os mais notáveis nos últimos anos incluem Howard Stringer, da Sony; Christophe Weber, da Takeda Pharmaceutical; e Sarah Casanova, do McDonald’s Holding Japan. Um estudo publicado em 2015 encontrou apenas cerca de uma dúzia de exemplos de executivos estrangeiros no Japão, revela a co-autora da pesquisa Sheela Pandey, professora assistente de administração da Universidade Estadual da Pensilvânia, em Harrisburg. Esses executivos “extremamente raros” geralmente enfrentam problemas culturais e oposição de subordinados japoneses, e o caso de Ghosn cria mais um alerta vermelho.

“Os executivos estrangeiros ficarão relutantes em trabalhar no Japão”, disse Pandey. Outros analistas concordam com a avaliação.

“(O caso de Ghosn) Está tendo um efeito inibidor”, disse Yumiko Ohta, sócia em Tóquio do escritório de advocacia Orrick Herrington & Sutcliffe, que aconselha os clientes sobre governança corporativa. “(Agora) vai ser muito mais difícil recrutar executivos estrangeiros para o Japão.”

As empresas japonesas já enfrentaram obstáculos significativos tentando recrutar pessoas de fora. O Japão ficou em 29º lugar entre 63 economias — atrás do Chipre e da Estônia — em termos de sua capacidade de atrair e desenvolver talentos, de acordo com uma pesquisa publicada, em novembro, pelo IMD World Competitiveness Center, em Lausanne, Suíça. As economias asiáticas mais bem colocadas que o Japão foram Cingapura, Hong Kong, Malásia e Taiwan.

Em termos de seu apelo aos talentos estrangeiros, o Japão ficou em 28º lugar no ano passado, em comparação com a 10ª posição que ocupava em 2014, de acordo com a pesquisa.

Medo de processos

A incapacidade de um executivo tão proeminente de ganhar sua liberdade enquanto aguarda julgamento pode assustar os estrangeiros e levá-los a recusar ofertas no país e também fazer com que empresas internacionais relutem em contratar executivos para lá, diz Johan Uittenbogaard, que tem parceria com a empresa de recrutamento Odgers Berndtson em Tóquio.

“Há outro fator de risco no caso. Você começa a pensar sobre isso: mesmo que não tenha feito nada de errado, pode ser preso por três meses”, ressalta Berndtson.

Até mesmo o advogado de defesa de Ghosn, Junichiro Hironaka, levantou a questão durante uma entrevista coletiva na semana passada, na qual disse que seu cliente é vítima de uma conspiração de seus subordinados da Nissan. Ghosn contratou Hironaka este mês depois que sua equipe anterior não conseguiu obter sua libertação sob fiança.

“É bizarro para mim como isso se tornou um incidente”, disse Hironaka, conhecido como ‘a Navalha’, por conseguir absolvições no Japão.

“Isso se tornará um grande problema para o Japão e seus negócios. A Nissan deveria ter resolvido este problema internamente”, afirmou Hironaka.

Incertezas levam a cautela

Recentemente, conta Casey Abel, diretor-gerente em Tóquio da recrutadora HCCR K.K., que trabalha com clientes na indústria automobilística, dois candidatos estrangeiros para cargos executivos decidiram esperar e ver como o caso Ghosn se desenrolará antes de aceitar as ofertas Abel, sem revelar as empresas e detalhes sobre os clientes.

“Isso está causando incertezas. Tenho hoje 15 pessoas com quem estamos conversando em nível executivo para clientes automotivos no Japão e, vou lhe dizer, isso é uma preocupação direta”, afirmou Abel.

Demanda das empresas japonesas

O caso de Ghosn também ocorre em um momento de crescente demanda de empresas japonesas por estrangeiros para seus conselhos de diretores, disse Nobuyuki Tsuji, que administra o escritório de Tóquio da empresa de recrutamento Spencer Stuart, que trabalha com empresas de tecnologia, mídia e indústria.

A Bolsa de Valores de Tóquio revisou no ano passado seu código de governança corporativa, conclamando os membros a melhorar a diversidade de seus conselhos em termos de “gênero e experiência internacional”. Cerca de 8% das empresas de capital aberto pesquisadas pelo Ministério da Economia, Comércio e Indústria tinham pelo menos um estrangeiro no conselho, de acordo com um relatório de maio de 2018.

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