Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 19 de abril de 2019
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
São sempre bem-vindas abordagens originais, argumentos que subvertem os fundamentos comuns e sugerem uma nova leitura dos fenômenos que nos cercam.
O consultor empresarial Fábio Jacques, por exemplo, em artigo publicado no site do jornalista Políbio Braga, faz uma interessante ponderação sobre quem é o cliente na relação entre o patrão e o empregado.
É do senso comum dizer que “o cliente sempre tem razão”. As empresas, os fornecedores de bens e serviços seguem a filosofia de que o cliente é o ator principal, o destinatário do negócio, da transação comercial, a parte superior, a que deve ser satisfeita a todo o custo. “O cliente é o rei”, se diz de outra maneira.
Os clientes, de sua vez, nada têm a reclamar desse protagonismo, que é do interesse genuíno das boas empresas, e ao mesmo tempo, uma bandeira de propaganda e bem servir: certamente eles ganham quando o lema se faz real e verdadeiro.
Mas e quando se trata da relação de patrão e empregado, quem é o fornecedor, quem é o cliente? Quem é o “rei”? Jacques nota que, no caso, a situação se inverte. Não há a menor dúvida que o fornecedor (do serviço) é o empregado, e portanto cliente é a empresa. Mas no Brasil, o “rei”, os sujeitos de todos os direitos, de (quase) todas as decisões da Justiça do Trabalho, é o empregado. O empregador já não é o merecedor de todas as deferências, como os demais clientes, mas visto como “um tirano”, explora e maltrata o seu empregado. As obrigações, as responsabilidades pela execução pontual e qualificada dos serviços, neste caso, não pertencem ao âmbito dos fornecedores, e se transferem para o cliente.
Já Antony Sammeroff, autor de livros de economia, assinala que é comum pensar o capitalismo como um sistema darwinista de competição, em que os mais fracos sucumbem e ficam para trás, e em que só os mais fortes sobrevivem. A ele se opõe o socialismo, um sistema que tende à cooperação entre os homens.
Para ele, a concorrência não é um defeito, ao contrário: ela tende a melhorar a qualidade dos bens e serviços e a torná-los mais baratos. Mas não é isso que caracteriza o capitalismo.
O autor faz uma observação aguda: se a concorrência é um mal, um desvio, um defeito, então a primeira coisa que se precisa abolir é a democracia. A eleição dos governantes é um campo acirrado e feroz – e indispensável – de competição entre partidos, candidatos, grupos de pressão e corporações.
Para ele é ilusório achar que no sistema socialista não há concorrência. Como observa, no socialismo real a competição entre os vários grupos se resolve pelo silenciamento dos oponentes, quando não pela sua eliminação física.
E mesmo no cotidiano dos regimes socialistas há uma competição permanente, incontornável, de quem ocupará os postos mais elevados, e de quem irá lavar os vasos sanitários e varrer as ruas.
Para o autor, o capitalismo é menos o sistema darwinista de competição, do que um sistema de trocas voluntárias, muito mais aberto e favorável aos seus agentes e atores, pela amplitude das ofertas, as quais não derivam de um único fornecedor de bens e serviços, o Estado.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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