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Brasil O governo federal nomeia um servidor de carreira como novo diretor do Inpe, órgão que monitora o desmatamento no País

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778 km² de floresta foram devastados no período, um aumento de 45% em relação a abril de 2020. (Foto: Op Verde Brasil/Divulgação)

O ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, nomeou nesta sexta-feira (2) o engenheiro eletricista Clezio Marcos de Nardin como o novo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A escolha põe fim à interinidade de Darcton Policarpo Damião, à frente do órgão desde agosto de 2019, quando o físico Ricardo Galvão foi exonerado após um embate com o presidente Jair Bolsonaro sobre a idoneidade dos dados do instituto a respeito do desmatamento na Floresta Amazônica.

Segundo o portal G1, Nardin é um dos nomes indicados na lista tríplice da disputa, que havia sido um dos nove candidatos ao comando da instituição. Ele é formado em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em 1996, e tem doutorado em Geofísica Espacial. Ele também foi vice-diretor do International Space Environment Service (Ises), uma entidade internacional voltada para o clima espacial.

Pesquisadores que trabalham e trabalharam no Inpe ouvidos pelo jornal O Globo sob a condição de anonimato classificam Nardin como um cientista qualificado, ambicioso e que se preparou para chegar à chefia do órgão. O mandato é de quatro anos.

Ele também é visto pelos colegas como alguém que respeita a hierarquia e que, justamente por isso, há desconfianças sobre como ele irá se portar na chefia do órgão que, nos últimos anos, se tornou um dos alvos preferenciais do presidente Jair Bolsonaro e do vice-presidente, Hamilton Mourão.

“Até hoje, ele não teve de enfrentar grandes desafios como o financiamento dos satélites e supercomputadores para tempo e clima, e defender os dados ambientais do Inpe perante o governo e a sociedade. Ele será fortemente testado nos próximos meses”, disse uma cientista com larga experiência no Inpe.

Outro cientista que atua no Inpe pontuou que a escolha foi melhor do que outros cenários possíveis como a manutenção de Darcton Policarpo, que assumiu o lugar do cientista Ricardo Galvão, em 2019, exonerado em meio a embates com Bolsonaro.

Pesa a seu favor o fato de ele não ter “furado fila” e ter passado por cargos de chefia antes de assumir o comando do Inpe. Uma das ressalvas em relação ao seu nome é o fato de ele não estar ligado à área ambiental. Sua especialidade são as ciências espaciais. O temor, segundo um relato, é de que ele possa “diminuir o tamanho do Inpe” enfraquecendo áreas que “dão problema”, como a ambiental.

Ataques do governo

Damião, por sua vez, assumirá o cargo de assessor especial na pasta do ministro. A disputa pelo comando do instituto era acompanhada com atenção por especialistas e ambientalistas, uma vez que os dados de desmatamento e queimadas têm sido frontalmente questionados por autoridades da República, como o presidente Jair Bolsonaro e o vice-presidente Hamilton Mourão, além do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Recentemente, Mourão acusou um suposto “opositor” do governo de divulgar dados negativos relativos à Amazônia. Posteriormente, ao ser informado de que os dados do Inpe são públicos, o vice-presidente, presidente do Conselho da Amazônia, alegou que não sabia do detalhe.

No ano passado, depois que o desmatamento desenfreado na Amazônia chamou atenção do Brasil e do mundo pelos índices expressivos de derrubada da mata no mês de julho, Bolsonaro acusou o então diretor do Inpe, Ricardo Galvão, de atuar “a serviço de uma ONG”. Galvão, por sua vez, defendeu o trabalho do instituto e, após rebater as insinuações, disse que não abriria mão do cargo. Apesar da onda de solidariedade da comunidade científica, o físico acabou exonerado. Em dezembro, ele foi indicado pela revista Nature como um dos dez cientistas mais importantes de 2019.

Seu sucessor interino, Damião, um oficial da Aeronáutica, chegou a dizer que o aquecimento global “não é sua praia” e que submeteria os dados do Inpe ao governo federal antes da publicação. No entanto, a divulgação das estatísticas não foi interrompida. Na quinta (2), números do próprio instituto indicaram que o número de incêndios no Pantanal foi o pior da série histórica, iniciada em 1998.

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