Sábado, 18 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 8 de julho de 2017
O vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), avaliou que o PSDB paga um preço político “altíssimo” ao permanecer na base de apoio do governo do presidente Michel Temer, o “mais impopular da história”. Ex-líder do PSDB, o parlamentar deu uma entrevista coletiva na sexta (7) no Salão Azul do Senado, que dá acesso ao plenário da Casa. O tucano deu a declaração sobre o governo após ser questionado sobre o assunto.
“Se for ouvir o grito rouco das ruas, o partido já não estaria mais no governo. O partido tem pago um preço político altíssimo por ter muita responsabilidade com o país e manter até aqui o apoio a um governo que é o mais impopular da história”, disse Cássio Cunha Lima. Em seguida, o vice-presidente do Senado afirmou que seis dos sete deputados do PSDB que compõem a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara são a favor da aceitação da denúncia do Ministério Público Federal contra Temer.
“O que o PSDB deve fazer é não abandonar os seus. Se é para fazer uma escolha entre abandonar a nossa bancada na Câmara ou abandonar os cargos confortáveis do governo, eu prefiro abandonar os cargos confortáveis do governo e ficar solidário à minha bancada na Câmara”, disse o senador.
Atualmente, o PSDB comanda os ministérios da Secretaria de Governo (Antônio Imbassahy), das Cidades (Bruno de Araújo), das Relações Exteriores (Aloysio Nunes) e dos Direitos Humanos (Luislinda Vallois).
Crise do governo
Em meio à maior crise política enfrentada pelo governo Temer, o PSDB anunciou no início do mês passado que havia decidido permanecer na base de apoio do Palácio do Planalto.
À época, as delações de executivos do grupo J&F, que controla a JBS, haviam atingido, principalmente, o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Na semana passada, com base nessas delações, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou o presidente ao Supremo Tribunal Federal e alguns líderes do PSDB passaram a defender a saída do partido da base de apoio do governo.
Nesta quinta (6), por exemplo, o presidente interino da legenda, senador Tasso Jereissatti (CE), disse que o PSDB “está evoluindo naturalmente para a saída do governo”. Além disso, ele afirmou que vê no presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), as condições para reunir os partidos e fazer uma eventual transição até 2018.
A denúncia da PGR contra Temer está em análise na CCJ da Câmara. Independentemente do resultado, caberá ao plenário da Casa decidir se a peça do Ministério Público seguirá ou não para o Supremo (para isso, precisa do apoio mínimo de 342 parlamentares). Se chegar ao STF e os ministros da Corte aceitarem a denúncia, Temer, então, vai virar réu e será afastado do mandato por até 180 dias. Nessa hipótese, o presidente da Câmara assume interinamente por ser o primeiro na linha sucessória.
‘Início do fim’
Indagado sobre se, na visão dele, o governo Temer “está no fim”, Cássio Cunha declarou, ainda que, se o relator da denúncia, Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), apresentar parecer desfavorável ao presidente, isso pode ser o “início do fim”. “O presidente Michel Temer não tem nenhum apoio popular, dos setores organizados da sociedade. [Temer] se sustenta, basicamente, com o apoio parlamentar, se no seu próprio partido, esse apoio estremece, é claro que poderemos ter um colapso no governo”, concluiu. (AG)