Domingo, 27 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 17 de abril de 2016
O dólar comercial voltou ao patamar de 3,60 reais nas últimas semanas, o que pode ter animado brasileiros com planos de viagem ao exterior. Mas a volatilidade continuou dando o ritmo dos negócios e, em meio à forte variação do câmbio, que oscila ao sabor do noticiário político, planejar a viagem fica mais difícil. As altas e quedas acentuadas do dólar deixam o turista em dúvida sobre qual o melhor momento para comprar a moeda estrangeira necessária para as férias. Especialistas dizem que o pior erro é deixar tudo para a última hora.
Para sua primeira experiência internacional, o empresário Maurilio Kujawski já começou a comprar os dólares que vai levar para Orlando (EUA) em dezembro, em uma viagem com a mulher e a filha. Ele já adquiriu quase metade dos recursos. “Estou comprando aos poucos. Acompanho o noticiário para ver os dias em que a moeda cede um pouco e, a cada mês, faço uma nova operação”, explicou.
Como a viagem está sendo planejada desde o ano passado, Kujawski já comprou dólar por 3,20 reais, mas também chegou a pagar 3,85 reais. Os outros gastos – como passagem, hospedagem e aluguel do carro – foram fechados em reais e serão pagos em parcelas até a data do embarque.
Cotação média.
Bruna Xavier, diretora da corretora Graco Exchange, confirma que o melhor a fazer é fracionar a compra. Ela explica que, em alguns momentos, o gasto será um pouco maior, mas que essa diferença poderá ser compensada por períodos de queda na cotação. A ideia é conseguir um preço médio o mais próximo possível do planejado.
“Estamos em um momento de muita especulação política e isso tem impacto no mercado financeiro. É importante acompanhar as cotações e ter em mente o quanto comprar a cada operação”, explicou.
Acompanhar a cotação, segundo ela, é importante para ter uma ideia melhor do comportamento do câmbio naquele momento. Mas isso não deve ser motivo para adiar a compra. Se até 2014 o brasileiro estava acostumado com um dólar na casa dos 2 reais, agora é a volatilidade que predomina. Em dois anos, a divisa já subiu 66,3% e, em 12 meses, avançou 20,8%. Em compensação, no ano, até o dia 7 de abril, a moeda americana já caiu 6,5%.
“Essa volatilidade tem aumentado as compras fracionadas, tanto que nosso tíquete médio caiu. Até o início do ano passado, a nossa média de operação era de 3 mil dólares ou o equivalente em outras moedas. Agora, está entre 1,5 mil e 2 mil dólares. As pessoas continuam viajando, mas reduzindo os gastos e fracionando mais a compra da moeda”, afirmou Bruna.
O meio de pagamento também deve ser considerado nesse planejamento. Embora o cartão viagem (cartão de débito com a cotação da moeda já garantida) seja considerado uma opção mais segura e de maior comodidade, sobre ele incide uma alíquota de 6,38% do (IOF) (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre o valor da compra. Quando a compra da moeda é feita em espécie, o tributo cai para 0,38%.
A valorização do dólar, que também se refletiu em outras moedas procuradas por turistas brasileiros, foi uma das razões para que Garcindo Folego Junior, que trabalha na área de comércio exterior, fizesse algumas adaptações na viagem da família para a Itália, em julho. A categoria dos hotéis foi reduzida para caber no orçamento.
“O número de dias de viagem não foi reduzido por causa da cotação, mas vamos mudar o patamar dos hotéis e cortar alguns mimos do roteiro, como um restaurante mais caro. Estou comprando euros todos os meses, independentemente da taxa. Se espero para comprar, posso pagar mais caro do que pagaria nesse preço médio”, disse, explicando que já comprou cerca de 60% do que precisa, com cotações entre 3,80 reais e 4,30 reais. (AG)