Terça-feira, 22 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 12 de maio de 2018
Os grandes bancos conseguiram ampliar a rentabilidade, mesmo em um cenário de crédito ainda fraco do crédito e de queda da Selic (a taxa básica de juros). O retorno médio de Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil no primeiro trimestre deste ano foi de 18,3% – quase o triplo da Selic, que encerrou março em 6,5% ao ano. Nos primeiros três meses de 2017, a rentabilidade média havia ficado em 17,2%, ante uma Selic de 12,25%. O ganho maior com negócios que consomem menos capital, como a cobrança de tarifas de serviços, e a redução nas despesas de provisão para perdas no crédito contribuíram para aumentar o retorno dos grandes bancos.
O destaque foi o Santander, cujo retorno subiu de 15,9% no primeiro trimestre de 2017 para 19,1% entre janeiro e março deste ano. Com a melhora, o banco não só cumpriu uma antiga meta de se aproximar da rentabilidade dos concorrentes privados como ficou à frente do Bradesco pelo segundo trimestre consecutivo.
O objetivo do banco daqui para a frente é ganhar participação de mercado, segundo o presidente do Santander, Sergio Rial. “Ainda temos muito market share para ganhar”, afirmou durante entrevista a jornalistas. Para defender suas margens em um cenário de juros baixos, os bancos têm procurado mudar o perfil da carteira, com a ampliação dos empréstimos e financiamentos para pessoas físicas e micro e pequenas empresas, que contam com spreads maiores.
Esse tem sido um dos fatores apontados para explicar por que, na média, a diferença entre a taxa de captação e a dos empréstimos concedidos pelas instituições vem caindo em um ritmo menor que a Selic.
Os spreads continuarão a cair, mas a concessão de empréstimos em linhas mais rentáveis deve compensar essa redução, segundo o presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher.
A redução da inadimplência em meio à recuperação da economia também vem ajudando os bancos. As despesas das instituições para cobrir perdas no crédito recuaram 21,6% na comparação com os três primeiros meses do ano passado, para R$ 14,6 bilhões. “Uma fotografia do resultado conteria uma safra de crédito de melhor qualidade, mais desembolsos e melhor posição de capital”, afirmou o presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli.
Em paralelo, com o crédito fraco nos últimos anos, as instituições reforçaram a cobrança de tarifas e a prestação de serviços – como cartões e seguros. Essa tendência se manteve no primeiro trimestre, quando a receita de serviços cresceu 7,3% e alcançou R$ 27 bilhões.
Ao mesmo tempo, os bancos vêm reduzindo custos de operação – o que inclui o fechamento de agências e, em alguns casos, programas de demissões voluntárias. Busca por eficiência sempre foi uma preocupação para as instituições, mas a pressão nas margens ampliou a importância do controle dos gastos.
No primeiro trimestre, as despesas administrativas e com pessoal cresceram 2,4%, pouco abaixo da inflação do período, para R$ 33,9 bilhões.
Mesmo com os resultados vindo em linha ou até um pouco acima das projeções, as ações dos quatro bancos reagiram em queda aos balanços do trimestre. “Em um ambiente de taxa Selic muito mais baixa e crescimento do PIB ainda anêmico, o crescimento da margem financeira tem se provado um desafio para a maioria dos bancos brasileiros”, escreveram analistas do BTG Pactual, em relatório. Segundo eles, as instituições terão de apostar numa configuração mais rentável da carteira de crédito.