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Economia Os ruídos em torno da possibilidade de mudança nas metas de inflação e as renovadas críticas do governo à gestão da política monetária pelo Banco Central voltaram a agitar o mercado financeiro

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Mercado já trabalha com inflação e juros mais altos. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Os ruídos em torno da possibilidade de mudança nas metas de inflação e as renovadas críticas do governo à gestão da política monetária pelo Banco Central voltaram a chacoalhar os ativos financeiros domésticos, que já incorporaram nos preços um cenário de inflação ainda mais alta à frente. O mau humor no mercado de juros levou as taxas de longo prazo aos maiores níveis do ano, em um movimento que pesou no desempenho do Ibovespa e que também se refletiu na depreciação do câmbio.

Desde as manifestações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de uma preferência por metas de inflação mais altas, os mercados começaram a colocar no preço a possibilidade de elas serem elevadas de fato. Nessa semana os ativos domésticos voltaram a ser penalizados, na medida em que o debate em torno das metas voltou a ganhar força. A agência de notícias “Bloomberg” relatou que a equipe econômica estuda antecipar uma revisão das metas de inflação e, durante a tarde, com o pregão em andamento, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, se referiu ao nível atual como “inexequível”.

A sensibilidade do mercado ao tema se traduziu, em especial, na disparada dos juros de longo prazo. Na medida em que ganha força a sensação de uma meta de inflação mais alta, os agentes colocam no preço a indicação de que a taxa de juros nominal futura também terá de ser mais alta. Assim, a taxa do DI para janeiro de 2027 subiu de 12,845% para 13,14% no fim do dia; e a do DI para janeiro de 2029 saltou de 13,12% para 13,45%.

Não por acaso, o economista-chefe para Brasil do Barclays, Roberto Secemski, alerta para a necessidade da discussão sobre as metas de inflação ser um movimento coordenado com a política fiscal. “Uma meta de inflação mais alta poderia ser interpretada pelo mercado, na ausência de uma regra fiscal conhecida e crível, como representando um piso, não o verdadeiro centro de uma nova faixa da meta, o que poderia ser contraproducente e levar a uma desancoragem adicional das expectativas.”

Essa piora, inclusive, já começou a ser captada na inflação “implícita” extraída das NTN-Bs, títulos públicos atrelados à inflação. A inflação embutida na NTN-B com vencimento em agosto de 2028 subiu de 6,47% para 6,59%, ao mesmo tempo em que a inflação precificada na NTN-B para maio de 2055 passou de 6,67% para 6,86%.

Além disso, algumas casas passaram a enxergar uma inflação de longo prazo bem mais alta. Foi o caso do Santander, que projeta um IPCA de 4% em 2025 e de 4,5% em 2026, com “incertezas relacionadas à aprovação de reformas estruturantes e seus efeitos nas expectativas de inflação, em um contexto de hiato do produto apertado”.

“A analogia que nós temos feito é que alterar a meta de inflação é como se o termômetro medisse a sua temperatura em 40 graus, mas só poderia ser chamado de febre se atingir 41 graus. Você está quebrando o termômetro, quando, na verdade, a origem do problema não é o sistema de metas, mas os diversos impulsos de demanda que estão sendo jogados na economia através de uma propensão grande à expansão fiscal”, diz Pedro Dreux, sócio e gestor macro da Occam.

O profissional aponta, assim, que a deterioração no arcabouço de política monetária é algo “muito negativo”. “E a resultante, lá na frente, vai ser uma inflação mais elevada que, em última instância, vai acabar gerando uma Selic mais alta lá na frente”, afirma Dreux. A Occam, inclusive, mantém posições “tomadas” em juros, ou seja, que ganham com a alta das taxas e, segundo o gestor, a casa tem aumentado as posições mais longas.

O estresse na curva de juros ficou mais localizado nos vértices de longo prazo, enquanto as taxas curtas exibiram queda. A agenda macroeconômica deu algum apoio, com o IPCA de janeiro levemente abaixo das expectativas e com o tombo das vendas do comércio varejista em dezembro, bem mais forte que o esperado e que começa a aumentar a preocupação dos participantes do mercado acerca do desempenho da atividade. No fechamento, a taxa do DI para janeiro de 2024 caiu de 13,50% para 13,44%.

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