Domingo, 04 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 8 de junho de 2023
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar ocidental liderada pelos Estados Unidos (EUA), realizará o maior exercício de manobra aérea de sua história na próxima semana, coordenado pela Alemanha, anunciaram autoridades americanas e alemãs. O Air Defender 23 durará dez dias a partir de segunda-feira e envolverá cerca de 220 aviões militares de 25 países-membros e parceiros da Otan.
“O exercício será de natureza puramente defensiva, mas também buscará enviar uma mensagem, em particular à Rússia”, disse a repórteres a embaixadora dos EUA na Alemanha, Amy Gutmann. “Ficaria muito surpresa se algum líder mundial não percebesse o que isso mostra em termos de espírito dessa aliança, o que significa a força dessa aliança, e isso inclui o sr. [Vladimir] Putin.”
O exercício incluirá treinamento operacional e tático, principalmente na Alemanha, mas também na República Tcheca, Estônia e Letônia.
“Muitas coisas mudaram no cenário estratégico global, especialmente aqui na Europa”, disse o general Michael Loh, diretor da Guarda Aérea Nacional dos EUA, para quem a Otan está em um “ponto de inflexão”. “Ese exercício visa complementar a presença permanente dos EUA na Europa e fornecer treinamento em maior escala do que normalmente é feito no continente.”
A Otan foi criada em 4 de abril de 1949, no início da Guerra Fria, em Washington, como a principal aliança militar de defesa comum do mundo, integrada inicialmente por 12 países — 10 europeus, além de Estados Unidos e Canadá. Ao longo das décadas, no entanto, tornou-se a principal organização militar conjunta de defesa do mundo, com 31 países-membros.
A Finlândia foi o último país a aderir à aliança, em abril, abandonando 78 anos de neutralidade. Com a entrada, a Otan passou a contar com um contingente de 280 mil soldados e um dos maiores arsenais de artilharia da Europa.
O fortalecimento da aliança militar representa um desafio estratégico para a Rússia, que vê a inclusão de seus vizinhos como uma tentativa dos americanos e das potências europeias de cercar seu território, o que configuraria uma ameaça a Moscou.
Oficialmente, a aliança militar rompeu sua cooperação com o país após a anexação da Península Crimeia, em 2014. Em discursos pouco antes da invasão à Ucrânia, Putin acusou os EUA e os demais membros da Otan de desprezarem totalmente os interesses russos e ignorarem seus pedidos por provas de que não incorporariam a Ucrânia como membro ou expandiriam ainda mais sua presença militar na região.
Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022, a aliança inicialmente se recusou a enviar tropas ou a criar uma zona de exclusão aérea, mas gradativamente vem aprovando o envio de bilhões de dólares em armas e auxílio a Kiev, em uma progressão à medida que a guerra se arrasta. A Ucrânia, por sua vez, exige uma adesão acelerada ao tratado desde setembro do ano passado — o que não deve acontecer.