Quinta-feira, 01 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 7 de setembro de 2020
O Podemos abriu um processo interno para expulsar do partido a senadora Rose de Freitas (ES). O motivo é a divergência em torno da possibilidade de reeleição de Davi Alcolumbre (DEM-AP) como presidente do Senado.
Enquanto o Podemos é radicalmente contra, a senadora não apenas apoia Alcolumbre, como reuniu assinaturas e apresentou uma proposta de emenda constitucional (PEC) para mudar a regra e permitir que ele permaneça mais dois anos à frente do Poder Legislativo. Hoje é proibido que um parlamentar fique por mais de dois anos, dentro de uma mesma legislatura, nas presidências da Câmara ou do Senado.
O líder do Podemos, Alvaro Dias, comunicou que a sigla fechou questão contra qualquer manobra que permita a reeleição de Alcolumbre ou Rodrigo Maia (DEM-AP), presidente da Câmara. Dias é um dos postulantes à sucessão no comando do Senado. Mas é sabido nos bastidores da casa que, se a reeleição foi liberada, Alcolumbre é desde já franco favorito, podendo alcançar entre 55 e 60 votos dos 81 senadores.
O governo apoia a empreitada em favor de Alcolumbre. Os dois líderes governistas na Casa, Fernando Bezerra Coelho (líder do Senado, MDB-PE) e Eduardo Gomes (líder no Congresso, MDB-TO) foram inclusive signatários da PEC apresentada por Rose.
Uma possibilidade para a senadora é retornar ao MDB, onde fez a maior parte da sua trajetória política e de onde saiu em 2018 para ingressar no Podemos.
Os pedidos de expulsão da parlamentar foram protocolados pela deputada Patrícia Ferraz e pelo vereador Negrão, candidatos do Podemos respectivamente às prefeituras de Macapá (AP) e Itápolis (SP). Nos pedidos, eles alegam que a senadora confrontou a diretriz do partido.
Contexto político
O anúncio da PEC foi feito pela parlamentar durante sessão remota do Senado na quarta-feira (2). Rose de Freitas chegou a pedir desculpas a Alcolumbre por não ter votado nele na eleição para presidência da Casa em 2019. A PEC consolida uma articulação feita há meses pelo presidente do Senado para ficar mais dois anos no cargo.
Ao Estadão/Broadcast, Rose de Freitas argumentou que a possibilidade de reeleição é necessária diante do contexto político da pandemia de Covid-19. Para ela, Alcolumbre e Maia conciliaram interesses na crise e precisam ter aval para continuar no poder. Nesse período, em que as comissões não funcionaram, coube exclusivamente a Maia e Alcolumbre a pauta das duas Casas.
“Há uma discussão de que fazer a reeleição em função do Davi, do Rodrigo, é muito personalista esse processo, mas acontece que é o voto da democracia. Se você não quer reeleger, vota contra a pessoa que está disputando”, comentou a parlamentar. “Além dele (Alcolumbre), quem? Aí você fica jogando no escuro.”
Para a senadora, o Congresso não pode esperar uma decisão do Supremo sobre a reeleição. “Ficar dependendo de um sim ou não, um tudo ou nada, em uma situação tão delicada, esperar que o Supremo decida é muito difícil.” O partido de Rose de Freitas faz oposição interna a Alcolumbre no Senado. Ela já manifestou interesse em deixar a legenda. As informações são dos jornais Valor Econômico e O Estado de S. Paulo.