Terça-feira, 08 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 3 de outubro de 2020
O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, vivem em pé de guerra. A relação entre os dois tem oscilado desde o fim do ano passado, após a aprovação da nova previdência, e nos últimos dias entrou em estado de efervescência. O parlamentar disse que o Posto Ipiranga do governo Bolsonaro está “desequilibrado”. Já Guedes acusou o deputado de se juntar com partidos de esquerda para boicotar as privatizações no Congresso. Antes da conflagração desse mais novo conflito, houve uma tentativa de trégua.
Quando Maia divulgou que testou positivo para a Covid-19, em 16 de setembro, Guedes enviou uma mensagem para o parlamentar, tentando quebrar o gelo entre eles. Para pessoas próximas, o ministro relatou que desejou a recuperação do presidente da Câmara e disse que o parlamentar ainda teria muitas missões pela frente. A sinalização de paz não era apenas protocolar, mas não deu certo.
Para Paulo Guedes, Maia fez uma “escolha política errada”. Apostou na oposição ao presidente Jair Bolsonaro, que se fortaleceu com a aliança com os partidos do Centrão, e se aproximou dos governadores Wilson Witzel, do Rio de Janeiro, e João Dória, de São Paulo. Para o presidente da Câmara, o ministro da Economia não entrega o que promete e insiste em pautas que não serão aprovadas tão cedo no Congresso.
Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o desentendimento do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro da Economia, Paulo Guedes, é algo “natural”.
“Eu não tenho problema com Rodrigo Maia e nem com Paulo Guedes. O que temos, às vezes, é desentendimento, que é natural. Quer uma coisa e Rodrigo não quer, Paulo Guedes quer uma coisa e eu não quero. Isso é natural”, afirmou Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada a apoiadores.
Indagado por um apoiador sobre a relação do deputado e do ministro, o Bolsonaro disse para a pergunta ser feita diretamente aos envolvidos. “Pergunta para o Paulo Guedes. Pergunta para o Rodrigo Maia. Gostou da resposta?”, disse.
Na última semana, houve uma escalada no tom beligerante da altercação entre o ministro Paulo Guedes e Rodrigo Maia. Depois de ser acusado de ser integrante do bloco de esquerda por Guedes, Maia respondeu dizendo que o ministro está “desequilibrado”.
Em live no Facebook, Bolsonaro também comentou sua relação com Guedes ao citar a alta no preço dos alimentos. Disse que o ministro é “o cara da política econômica”. O presidente disse ter 99,9% de confiança no chefe da pasta da Economia. Segundo ele, o 0,1% restante seria para quando ele quiser “mudar alguma coisinha”.
“A nossa política é livre mercado, seguir a linha do Paulo Guedes. O Paulo Guedes continua com 99,9% aí de confiança comigo. Eu deixo 0,1% porque quando eu quero mudar uma coisinha eu digo: ‘PG, não é 100%, não, porra. 0,1% é meu. Qual é? Você quer 100%? Você está muito guloso”, disse Bolsonaro. “Ele é o cara da política econômica. E a palavra final é dele e ponto final “, completou.