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Educação Pesquisa com professores revela cotidiano de violência nas escolas do País: 37% já viveram roubo ou furto, 15% apontaram tráfico de drogas e 3% relataram impacto por tiroteios ou balas perdidas

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No Brasil, um a cada dez professores presenciou atentados à vida no colégio em que trabalha, e quatro em dez relataram agressões. (Foto: Reprodução)

A professora Elis (nome fictício) não voltará para a sala de aula. Em abril, ela foi cercada por três alunos do 7º ano e esfaqueada dentro de uma escola municipal de Caxias do Sul (Serra Gaúcha). Agora, não consegue sequer receber visitas, muito menos exercer a profissão. O trauma de Elis reflete um problema que se espalha perigosamente pelo País. No Brasil, um a cada dez professores presenciou atentados à vida no colégio em que trabalha, e quatro em dez relataram agressões.

“Ela se encontra bem fisicamente, mas está em casa e provavelmente ficará por muito tempo. Não deve mais voltar a lecionar por falta de condições psicológicas”, conta Jeferson Carvalho, diretor da escola. “Os alunos organizaram tudo pelo WhatsApp e decidiram atacar a primeira professora que entrasse em sala.”

Dados recolhidos pelo questionário destinado a professores de português e matemática na aplicação do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), do Ministério da Educação, ainda mostram que 43% relataram episódios de depredações na escola; 37% viveram roubos ou furtos; e 15% apontaram tráfico de drogas. No país, 3% dizem que seus colégios foram impactados por tiroteios ou balas perdidas. No Rio, esse índice é cinco vezes maior, de 16%. As informações foram coletadas em 2023, mas divulgadas apenas com os microdados da avaliação, este ano.

“Escolas que sofrem com mais violência reportam mais interrupções de aulas, maior rotatividade de pessoal docente e mais profissionais saindo de licença médica. Por isso, seus alunos têm aprendizagem menor”, afirma Joana Monteiro, diretora do Laboratório para Redução da Violência (Leme), com pesquisas na área. “Além disso, ninguém quer trabalhar nesses locais. Os professores que vão normalmente são os que estão em começo de carreira e têm menos prioridade de escolha, quando esses colégios precisam dos que são mais experientes.”

Lúcia (nome fictício) foi uma que precisou deixar a escola em um espaço conflagrado. Alfabetizadora numa área violenta do Rio de Janeiro, pediu substituição após desenvolver síndrome do pânico.

“Foram seis anos trabalhando na região, e vivi muitas situações de risco de vida. Precisei fazer barricadas com cadeiras e mesas, ficar deitada no chão, me esconder atrás de pilastras. Uma vez mataram um homem na lateral da escola. Outra, precisei sair de lá em comboio, com uma placa no carro identificando ‘professores’. Agora, não posso ouvir um barulho que acho que é tiro”, diz.

De acordo com Andreia Martins, pesquisadora de Educação e diretora do Redes da Maré, um dos territórios mais impactados com esse problema no Rio, é comum que as aulas perdidas por episódios de violência não sejam repostas de forma adequada.

“As escolas já deixam uma folhinha com as crianças para esses casos ou então mandam alguma tarefa por WhatsApp com instruções. Mas a gente percebe que isso não tem valor pedagógico. Num dia de conflito, o que se vê é uma enorme tensão. É difícil imaginar, no meio disso tudo, uma criança pegar para fazer uma tarefa com qualidade. Muitas vezes, o exercício nem trata do tema que trataria a aula do dia. É uma coisa só para constar, mesmo”, afirma a pesquisadora.

No começo deste ano, o Conselho Nacional de Educação (CNE) criou a Comissão de Acompanhamento da Obrigatoriedade de Cumprimento dos 200 Dias Letivos, após uma mobilização da Redes da Maré. A ideia é ter um pacto para monitorar redes que sofrem com aulas suspensas por violência ou por outras questões como fenômenos climáticos extremos. Duzentos dias é o mínimo previsto pela lei brasileira para um ano letivo.

“Em muitos casos, há um arremedo dos dias impactados. A comissão foi formada para que os 200 dias sejam efetivamente cumpridos com qualidade para a aprendizagem”, explica a conselheira Cleunice Rehem, que preside a comissão.

De acordo com Rehem, ainda são discutidas as formas adequadas para a reposição. Entre as opções em debate estão aulas on-line, encontros aos sábados e utilização de dias de férias para reposição. A previsão é que um Pacto Nacional pelo Cumprimento dos 200 Dias Letivos seja apresentado até novembro.

Em nota, a Secretaria municipal de Educação do Rio disse que oferece estratégias como reforço escolar, apoio pedagógico nas próprias unidades, Aulões Cariocas para tirar dúvidas, videoaulas com questões comentadas e materiais específicos de reposição para minimizar os impactos pedagógicos dessas interrupções.

Já o Ministério da Educação (MEC) afirmou que lançou o Programa Escola que Protege, que vai fazer diagnósticos locais; criar protocolo de prevenção, resposta e reconstrução, orientando as redes a lidarem com situações de crise em caso de violência extrema; e formar e fortalecer capacidades locais. A previsão é que a implementação comece “nos próximos meses”. As informações são do jornal O Globo.

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https://www.osul.com.br/pesquisa-feita-com-professores-revela-cotidiano-de-violencia-nas-escolas-37-ja-viveram-roubo-ou-furto-15-apontaram-trafico-de-drogas-e-3-relataram-impacto-por-tiroteios-ou-balas-perdidas/ Pesquisa com professores revela cotidiano de violência nas escolas do País: 37% já viveram roubo ou furto, 15% apontaram tráfico de drogas e 3% relataram impacto por tiroteios ou balas perdidas 2025-07-07
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