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Geral Pesquisas mostram que crianças transmitem menos o coronavírus e educadores enumeram perdas aos estudantes, mas incerteza coloca famílias e professores na defensiva

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Com o início do segundo semestre, a volta às aulas torna-se o centro da discussão da pandemia no Brasil e no mundo. A ciência tem dito que é possível retornar, desde que com segurança. Isso porque estudos preliminares mostram que as crianças se infectam menos e transmitem menos a doença. Os educadores enumeram as perdas: prejuízos à aprendizagem, à convivência social e até o risco de danos graves à saúde mental e à nutrição dos alunos. Mas incertezas quanto ao enfrentamento da pandemia, à dificuldade de crianças cumprirem regras sanitárias e o número de infectados no País fazem pais e professores se sentirem inseguros para voltarem às escolas.

Os últimos dados do Ministério da Saúde mostram que 585 crianças e adolescentes menores de 19 anos morreram por Covid-19 desde o início da pandemia no Brasil. O País passou de 90 mil mortos. Cerca de 5 mil foram hospitalizadas. Estudos de casos na China, Austrália, Finlândia, Irlanda e Espanha indicam que as crianças não transmitem coronavírus tanto quanto os adultos. Eles fazem referências diretas às escolas, com títulos como “a criança não é culpada” ou conclusões de que as instituições de ensino têm baixo risco de contaminação, o que fez a Sociedade Americana de Pediatria pedir o retorno às aulas nos EUA.

Um estudo, feito na Suécia, que nunca fechou escolas de educação infantil, indica que não houve maior infecção entre professores. Na Irlanda, seis crianças e adultos contaminados com Covid-19 foram monitorados por 14 dias. Eles tiveram contatos em escolas com mil outras crianças e cem adultos. Ninguém foi infectado. Outra pesquisa publicada na revista científica Nature analisou crianças, jovens e adultos em cidades de culturas diferentes, como Milão e Bulawayo, no Zimbábue. Os resultados mostram que pessoas com menos de 20 anos são duas vezes mais resistentes ao vírus do que as com mais de 20.

A dificuldade ainda é saber o por quê. Para o presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, Marco Aurélio Safadi, a melhor das hipóteses se refere ao fato de as crianças terem um receptor do vírus com menos expressão. “Para o vírus entrar no organismo, ele precisa ter como se fosse a chave da nossa fechadura”, explica. No caso do coronavírus é a chamada enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2). Ela dificultaria que o vírus se estabelecesse no organismo principalmente de menores de 10 anos.

Mesmo reforçando que as evidências ainda são iniciais, Safadi acredita que, com proteção, é importante retornar. “Se houver baixa nos casos, a volta às escolas é menos penosa que a manutenção da interrupção”, diz o pediatra, que teme prejuízos à nutrição e à saúde mental dos alunos, casos de depressão e abusos em casa.

Pouco mais de dez países já abriram suas escolas, entre eles França, Alemanha e Austrália, mas 1 bilhão de alunos no mundo (60% do total) ainda estão sem aulas, segundo a Unesco. A Europa voltou a ter aumento de casos, mas não se sabe se há relação com o retorno, já que escolas fecharam novamente para férias e restaurantes e praias estão abertos. Em Israel, escolas reabriram em maio e tiveram de adiantar férias porque o número de infectados cresceu. O tema também é polêmico nos EUA, onde Estados como Nova York e Flórida retomarão aulas presenciais, mas cidades como Los Angeles e San Diego continuarão com ensino remoto.

Estamos diante de uma situação de uma extrema complexidade”, diz a representante da Unesco no Brasil, Marlova Noleto. “Quanto maior o tempo que os alunos passarem fora da escola, maior o risco de eles não voltarem. Mas claro que precisamos salvar vidas.” A evasão já é um grave problema no País; 23% dos adolescentes de 16 anos não estão na escola. E só 4 em 10 alunos de 19 anos concluem o ensino médio.

A expectativa dos educadores é que os números piorem com a pandemia, pela crise econômica e desestímulo, aumentando as desigualdades. Mas as consequências de estar fora da escola afetam crianças e adolescentes de todas as classes. Estudos – como um feito na Itália – têm mostrado aumento de peso, sedentarismo e hábitos pouco saudáveis entre os estudantes em casa. “A saúde no desenvolvimento desses jovens é um dos maiores prejuízos dessa pandemia. Por isso, quando pudermos voltar com segurança, é preciso abrir as escolas”, diz o secretário de Educação paulista, Rossieli Soares.

Redes de ensino públicas e privadas se esforçam para oferecer educação remota, com melhor ou pior qualidade. Mas uma das mais fortes conclusões de uma pesquisa feita pelo Todos pela Educação sobre momentos que sucedem crises é que “mesmo com ações de ensino remoto bem estruturadas, a suspensão temporária das aulas presenciais cria lacunas significativas no aprendizado”. E há ainda 18% dos municípios do País que não fizeram nenhuma atividade nesse período com seus alunos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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