Terça-feira, 22 de julho de 2025
Por Carlos Roberto Schwartsmann | 26 de julho de 2023
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
O celular é uma das comprovações que vivemos no auge da evolução tecnológica. Como é fantástico e maravilhoso poder me comunicar ao vivo com a minha filha Gabriela que mora na Austrália, do outro lado do mundo. Como é bom poder enviar fotos e vídeos para os lugares mais distantes do nosso planeta!
Mas, como tudo, sempre existe o outro lado. Se pelas redes sociais nos informamos de todas as notícias verdadeiras, lá também estão as Fake News. Outro lado maléfico e ainda obscuro é de como o celular pode afetar o nosso raciocínio, a nossa arte e nossos laços afetivos.
PHUBBING é um termo inglês que ainda não tem tradução para o nosso idioma. É a combinação das palavras Phone (telefone) e Snubbing (esnobar). Significa ignorar ou deixar de conversar com alguém presencialmente por estar focado e usando o celular. Isto vale também quando nos isolamos do universo que está ao nosso redor. Significa que no escolher das prioridades, olhar o celular é mais importante do que qualquer outra coisa. O mundo externo que nos cerca é menos importante que o mundo virtual.
Nas aulas da faculdade de medicina, com alunos ultra selecionados, fico triste quando alguns, com pouco interesse, estão com os celulares ligados. É frustrante pois, a minha fala, a minha experiência médica de quase meio século é menos importante que mensagens fúteis!
Acho que é uma atitude deselegante, desrespeitosa e mal-educada. Mas como é que pode: São alunos de medicina!! Mas isto também ocorre no seio familiar. Na refeição compartilhada, alguns ou todos, estão ligados nos celulares.
Não existem mais perguntas como: “Estava boa a aula de hoje? ” Alguma novidade no trabalho?! Está boa a comida?! A interatividade familiar acabou!
Esquecemos que a melhor conexão que podemos fazer com outra pessoa é estar “olho no olho” e dedicar toda atenção possível.
Recentemente fiquei pensativo e triste quando um casal jovem se sentou na mesa ao lado e um restaurante. Eles não conversaram um minuto sequer. Ficaram ambos o tempo inteiro ligados no celular. Até o cardápio era digital.
Agora no “dia do amigo” disparamos várias mensagens frívolas para diversos amigos. Certamente um abraço apertado e um sussurrar no ouvido: “Você é meu amigo”, valeria mais que 100 mensagens.
Certamente, com o advento do celular, nossas relações se tornaram mais frias, superficiais e falsas. Pesquisa na universidade de Harvard sobre o uso do celular conclui que 39% das entrevistadas se consideram “viciados”. A média de toques diários no celular foi de 2.600. O tempo médio de uso diário foi de 145 minutos. Isto significa dizer, 3 dias em um mês. Em um ano estamos ligados no celular mais que um mês inteiro!
O uso do celular é igual ao remédio, na dose certa pode ser eficaz e curativo. O uso em excesso poderá promover efeitos colaterais.
O efeito nocivo do uso indiscriminado do celular só saberemos avaliando as próximas gerações. O celular é a melhor ferramenta de conexão dos distantes, mas também é a melhor para desconexão dos próximos.
Carlos Roberto Schwartsmann
Médico e professor universitário
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
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