Sábado, 05 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 3 de julho de 2025
O Plano Safra 25/26 foi alvo de críticas por parte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Segundo Bruno Lucchi, diretor técnico da entidade, os recursos anunciados estão abaixo das necessidades do setor e não acompanham a inflação do período.
“O Plano Safra 25/26 para a agricultura familiar e empresarial não respondem à altura à importância estratégica que a agricultura tem no Brasil. Os valores anunciados ficaram bem abaixo, inclusive, da inflação. Embora nominalmente sejam maiores, quando corrigidos pela inflação ficaram menores”, afirmou Lucchi. A expectativa da CNA para 2025 é de que o PIB do agronegócio alcance 29% do PIB total do Brasil.
Ele destacou que o crédito previsto para a agricultura familiar teve aumento de 3%, enquanto a agricultura empresarial teve alta de 1,5%. “Se considerarmos uma inflação de 5,32% no período, são valores abaixo da inflação e não atendem em volume o que o setor pleiteou”, apontou o diretor.
Em relação às taxas de juros, Lucchi apontou que houve a manutenção dos juros para determinados produtos da agricultura familiar, como os voltados à cesta básica. No entanto, produtos como soja e pecuária de pequenos produtores passarão a pagar uma taxa de 8%. “Mostra uma segmentação desses produtos da agricultura familiar que também precisam de crédito, mas terão uma taxa bem maior”, disse.
No caso da agricultura empresarial, o técnico da CNA informou que o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) sofreu aumento na taxa de juros, passando de 8% para 10%. “Nos preocupa muito porque o médio produtor está tendo um distanciamento muito grande das taxas da agricultura familiar, ao passo que a gente não tem um aumento do enquadramento da agricultura familiar. Ele segue com R$ 500 mil”, explicou, acrescentando que a proposta da CNA era aumentar esse limite de renda bruta para R$ 700 mil, pleito que não foi atendido.
Outro ponto levantado por Lucchi foi a ausência de anúncios relacionados ao Programa de Subvenção ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). “O grande problema foi o descaso em relação ao seguro rural. Não foi anunciado nada”, afirmou.
Ele lembrou que o orçamento do PSR sofreu corte e congelamento de cerca de R$ 435 milhões em 2024, reduzindo os recursos de R$ 1,06 bilhão para um patamar que pode limitar a área segurada a cerca de 4 milhões de hectares.
A CNA também vê efeitos negativos para a agricultura familiar nas mudanças do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro). Lucchi apontou que o teto de enquadramento do programa caiu de R$ 325 mil para R$ 200 mil em dois anos, deixando produtores intermediários sem cobertura adequada. “Esse produtor que está acima de R$ 200 mil tem por obrigação contratar uma política de gestão de risco, seja por seguro rural, porém, ele não é mais enquadrado no Proagro e dificilmente vai conseguir recurso no PSR”, afirmou, destacando que essa lacuna pode dificultar o acesso ao crédito.
“Nos preocupa muito a forma que esse plano foi apresentado. O Brasil e o mundo vivem um momento muito complexo. Temos crises geopolíticas, aumento nos custos de produção, fertilizantes, combustíveis, fretes internacionais… Isso impacta diretamente no Brasil. Precisaríamos de um Plano Safra robusto para que o produtor seguisse investindo e aumentando sua produção e produtividade”, concluiu.
O histórico de contingenciamentos orçamentários aplicados pelo governo federal levanta dúvidas sobre quanto dos R$ 516,2 bilhões anunciados para o Plano Safra 2025/26 poderão ser efetivamente acessados pelos produtores rurais.
“Vamos ter muita dificuldade para executar isso que o governo anunciou”, afirmou o economista da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz. “O governo está anunciando um valor, mas efetivamente sai outro”, acrescentou.
O especialista citou o exemplo do seguro rural, cujo orçamento anunciado pelo Ministério da Agricultura no ano passado era de R$ 1 bilhão e, após cortes realizados posteriormente, somente R$ 67 milhões foram acessados pelo setor produtivo, pouco mais de 6% do total.
Na avaliação de Luz, o fato do seguro rural ter ficado de fora do anúncio do novo Plano Safra foi um dos pontos mais negativos.
Os juros mais altos também estão entre os itens avaliados como negativos, mas que Luz classificou como algo que não é culpa de ninguém envolvido com a construção do plano, e sim da “má condução de política econômica do país”.
Em contrapartida, alguns dos pontos considerados positivos no Plano Safra são o aumento do teto para contratação de financiamentos para médios produtores pelo Pronamp e a mudanças no programa para construção de armazéns, o PCA. As informações são do site Globo Rural.