Sexta-feira, 07 de março de 2025
Por Redação O Sul | 16 de agosto de 2024
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem buscado recalibrar suas falas sobre a crise política e eleitoral na Venezuela. O reposicionamento faz parte de uma estratégia do Palácio do Planalto para distanciar o petista do regime autoritário de Nicolás Maduro, uma vez que, recentemente, declarações de Lula simpáticas ao ditador causaram desgastes na popularidade do presidente brasileiro.
Pesquisas de opinião apontaram que a avaliação de Lula foi impactada negativamente após ele afirmar que existia democracia na Venezuela e trocar afagos com Maduro durante visita do ditador a Brasília no ano passado.
Agora, Lula tenta mudar o tom em relação ao regime de Maduro. Na quinta-feira (15), o petista disse ainda não reconhecer o resultado da eleição presidencial venezuelana – contestada por uma série de países e organismos internacionais.
Nessa sexta-feira (16), durante entrevista à Rádio Gaúcha, o presidente brasileiro foi questionado sobre a existência de uma ditadura na Venezuela. Desta vez, o petista afirmou que há, no país vizinho, um regime “desagradável” com “viés autoritário”, mas refutou o termo ditadura.
Ciente do prejuízo que esse tema pode causar na imagem de Lula, o entorno do presidente realizou reuniões nesta semana para afinar o discurso do presidente, tendo em vista que ele seria abordado sobre o assunto durante entrevistas.
O posicionamento que Lula externou à imprensa na quinta e nessa sexta foi definido em uma reunião na última quarta-feira (14).
Também nesse encontro, ficou combinado que o ex-chanceler Celso Amorim, assessor presidencial para assuntos internacionais, faria afirmações contundentes sobre Venezuela na Comissão de Relações Exteriores do Senado nesta quinta.
Embora tente uma recalibragem para não prejudicar a avaliação de Lula, o governo se mostra perdido ao insistir na divulgação das atas eleitorais venezuelanas.
Ministros do próprio governo reconhecem que essa é uma questão já ultrapassada, que podia ser explorada somente nos primeiros dias após a eleição contestada e não na terceira semana após o pleito. Ou seja, ministros admitem que esse é um discurso que não cabe mais.
Diferentes movimentos do entorno de Lula, sugerindo soluções como a realização de novas eleições – sem o respaldo do ditador Maduro, da líder oposicionista María Corina Machado e de outros países – indica que o governo está perdido, entrou em uma sinuca de bico e não sabe como sair.
O Brasil foi o avalista do acordo de Barbados sobre eleição democrática na Venezuela, portanto, não haveria país melhor para cobrar lisura e denunciar a falta de transparência no pleito.
Além disso, até o momento, Lula não condenou com veemência a repressão de Maduro contra opositores, que já resultou em perseguições, prisões e mortes. Esse silêncio do petista tem causado desconforto inclusive em integrantes do governo. As informações são do portal de notícias G1.