Segunda-feira, 30 de junho de 2025

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Geral Professor de Relações Internacionais não crê que o novo presidente argentino vá seguir o que prometeu quando era candidato

Compartilhe esta notícia:

Javier Milei foi eleito no domingo o novo presidente da Argentina. (Foto: Reprodução)

O candidato Javier Milei, que vociferava contra parceiros comerciais importantes da Argentina governados pela esquerda, como o Brasil e a China, deve dar lugar ao presidente Milei, mais pragmático e capaz de negociar com países distantes de seu espectro ideológico. Essa é a opinião de Roberto Uebel, professor de Relações Internacionais da ESPM, doutor em Estudos Estratégicos e pesquisador nas áreas de Geopolítica, Geoeconomia e Geografia dos Negócios Internacionais.

Segundo ele, o governo brasileiro terá cautela com a vitória de Milei, mas tende a adotar uma postura madura de negociar e dialogar com seu principal parceiro regional. E Milei deve fazer o mesmo. “Milei é economista, eu prefiro acreditar que ele entenda a importância de Brasil, China e do próprio Mercosul para economia argentina. Acho que depende muito mais de como ele enxerga a realidade social e econômica da Argentina que qualquer interesse político e ideológico”, afirma Uebel. Veja abaixo os principais trechos da entrevista do professor ao jornal O Estado de S. Paulo.

– Como fica a relação Brasil-Argentina com a vitória de Javier Milei?O Brasil olha com muita cautela essa vitória de Javier Milei e vai adotar o pragmatismo. O governo brasileiro tem maturidade suficiente de manter relações com um país que vai ser governado por alguém que é de um espectro político totalmente oposto. Cito, por exemplo, a relação com a Itália. O presidente Lula quando visitou a Itália no início do ano se reuniu com Giorgia Meloni, que é uma primeira-ministra de extrema direita. Eles tiraram fotos abraçados e o país tem uma excelente relação com a Itália. É claro que, naturalmente, vai haver um afastamento político entre Brasil e Argentina, capitaneado não pelo Brasil, mas pela Argentina, se o Milei levar adiante (sua retórica). Só que o Milei é economista e prefiro acreditar que ele entenda a importância de Brasil, China e do próprio Mercosul para economia argentina.”

– Então o sr. avalia que as declarações do Milei sobre o Brasil eram mais para impulsionar a campanha?Já vimos isso acontecer antes com outros candidatos populistas. Falam suas bravatas, mas quando chegam na estrutura do governo, especialmente em uma estrutura de governo como da Argentina, institucionalizado e burocrático, sabem que essas declarações para se transformar em ações encontram uma série de barreiras que são intransponíveis. Nós podemos pensar é que o Milei vai querer deixar sua marca e essa marca será esse afastamento natural. Talvez seja a tentativa de sair do Mercosul, mas ele sabe que a economia que vai governar a partir de dezembro é fortemente dependente do Brasil, da China e de países do Mercosul. O esforço inicial é primeiro doméstico. Ele vai tentar levar adiante essas ideias absurdas de dolarizar a economia, fechar o Banco Central. A política externa viria no segundo momento. Uma coisa era o Milei candidato. Outra coisa é o Milei eleito.”

– No último debate, Milei e Massa discutiram sobre a influência do Brasil na campanha, incluindo a presença de marqueteiros brasileiros na Argentina. Mais recentemente, Lula e a primeira-dama Janja expressaram apoio a Massa. Isso pode atrapalhar a relação?Foi muito mais um apoio político do que institucional. Não era o governo brasileiro que estava apoiando, até porque seria inconstitucional. O Brasil não tem ingerência sobre a política ou as questões domésticas de outros países. As relações não são de governo, são de Estado. São países que têm mais de 200 anos de relação, que compartilham fronteira, que tem uma história. Não são presidentes de direita ou de esquerda que vão acabar com essa relação histórica.”

– Existe preocupação com relação ao acordo Mercosul-UE. Milei já sugeriu que poderia retirar a Argentina do bloco e, embora precise de aprovação do Congresso para isso, poderia seguir um caminho parecido com o de Lacalle Pou, que mantém o Uruguai no Mercosul, mas demonstrou afastamento do bloco. O que pode ocorrer?Ele pode seguir o mesmo caminho do Lacalle Pou, que é de centro-direita, de não sair do bloco, mas enfraquecê-lo. Visitei o Mercosul este ano e, conversando com os técnicos, foi possível perceber um enfraquecimento institucional. E foi durante o governo Alberto Fernández. O próprio bloco está enfraquecido. Hoje não interesse dos governos europeus e também de países do Mercosul em, de fato, aprovar esse acordo porque já se chega à conclusão, tanto na esfera técnica quanto na política, de que não vai ser tão vantajoso.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Geral

O provável adeus de Messi ao Brasil: entenda a importância do País na carreira do craque argentino
Chuva no Pantanal zera focos de incêndio e freia devastação recorde
https://www.osul.com.br/professor-de-relacoes-internacionais-nao-cre-que-o-novo-presidente-argentino-va-seguir-o-que-prometeu-quando-era-candidato/ Professor de Relações Internacionais não crê que o novo presidente argentino vá seguir o que prometeu quando era candidato 2023-11-20
Deixe seu comentário
Pode te interessar