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Colunistas Quando o assunto é dinheiro, modernidade e segurança podem ser compatíveis?

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O último final de semana foi marcado pela agitação causada pela notícia da “quebra” de dois bancos aqui dos Estados Unidos.

Para o correntista e investidor comum, o Silicon Valley Bank (SVB) e o Signature Bank pouco ou nada representam nas suas vidas, pelo menos diretamente. Mas, qual é o temor das autoridades governamentais norte-americanas com essas “quebras”? São o contágio e a especulação no mercado financeiro.

Os prejuízos com as falências destes dois bancos são controláveis, mesmo com a necessidade do uso do dinheiro público para isso. Porém, a contaminação de todo o mercado é incalculável e assustadora.

Antes da abertura do mercado financeiro desta segunda-feira, 13 de março, o Presidente Joe Biden apressou-se em acalmar os correntistas, investidores e contribuintes americanos afirmando que o compromisso é o de assegurar que pessoas e empresas tenham acesso aos seus depósitos sempre que necessitarem. Até aí, sem muita novidade, não fosse a parte final da fala presidencial.

Biden concluiu sua declaração alertando que haverá empenho total para responsabilizar os executivos que estão por trás desta “bagunça” e para fortalecer, ainda mais, a regulação e supervisão sobre os maiores bancos do país.

Conversando com as pessoas de médio ou pouco conhecimento sobre criptomoedas, Bitcoin e startups, é comum a associação à insegurança e desconfiança. Muitas vezes, são tratadas até como “alienígenas” e “predadoras”.

O Silicon Valley Bank figurava entre os vinte maiores bancos comerciais dos Estados Unidos, quase que exclusivamente voltado para startups. Desde 2008, quando da quebra do Washington Mutual Bank, não ocorria algo tão significativo no mercado financeiro. A carteira de ativos do SVB era superior a 200 bilhões de dólares, mais de R$ 1 trilhão de reais, ou seja, 10% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil.

Algo que precisa ficar claro é que esta “quebra” ocorreu em um banco devidamente regulamentado e fiscalizado pelas agências reguladoras oficiais americanas. As regras impostas ao SVB e Signature Bank são as mesmas aplicadas a outros gigantes do sistema financeiro americano.

Logicamente, requer maior cautela se investir em ativos não convencionais e arriscar com intermediários, mas, a partir do momento que a carteira de ativos teoricamente é regulada e fiscalizada por órgãos oficiais, o investidor/correntista deveria ficar mais tranquilo. Podemos constatar que a causa destas quebras não está diretamente ligada às novas modalidades de investimento e, sim, aos procedimentos de muitos executivos dos bancos.

Algumas horas antes de ser decretada a “quebra” do SVB, foram pagos bônus enormes aos seus executivos, os quais, em tese, atingiram as metas e lucros para fazer jus aos seus pagamentos.

A carteira de títulos do SVB, de aproximadamente 21 bilhões de dólares (mais de 110 bilhões de reais), rendia a seus clientes algo em torno de 1,79% ao ano, lembrando que os principais investidores eram startups que, enfrentando dificuldades, optam muitas vezes pelo resgate do título.

Com o aumento recorde da taxa de juros por parte do FED (Federal Reserve Bank, equivalente ao Banco Central no Brasil), os juros pagos em títulos do tesouro americano pelo prazo de 10 anos é de 3,9%, isto é, mais do que o dobro. Com o índice mais elevado dos últimos 40 anos, a taxa de juros certamente fará outras “vítimas” durante 2023.

De quem é a responsabilidade em fiscalizar a saúde financeira destes bancos, quem autoriza ou controla os riscos destes ativos? Fica muito fácil e rasteiro apontar o dedo para a figura de bancos de startups e criptomoedas, mas será que o investidor está seguro em bancos convencionais e investimentos tradicionais com a presente regulamentação?

Muita coisa mudou e melhorou desde 2008, com a crise das hipotecas e quebras de gigantes do mercado de investimento e financiamento. Até então, as autoridades americanas acreditavam que o mercado era o melhor regulador, deixando os bancos e seus criativos executivos livres para ganharem cada vez mais e com menos responsabilidades, Naquela crise, o rombo foi muito maior e as sequelas deixadas duraram décadas.

Sou favorável a um Estado cada vez menor, mas, tratando-se da ganância que impera no setor bancário/financeiro, as agências reguladoras devem ser fortes, operantes e amparadas por legislação contundente.

Tudo leva a crer que esta crise ocasionada pelos dois bancos falidos deva encerrar-se sem consequências mais significativas, todavia, a dúvida que ainda paira é preocupante. O sistema regulador da maior economia do mundo é capaz de prevenir ou arcar com as consequências de um sistema financeiro ágil e inovador?

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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https://www.osul.com.br/quando-o-assunto-e-dinheiro-modernidade-e-seguranca-podem-ser-compativeis/ Quando o assunto é dinheiro, modernidade e segurança podem ser compatíveis? 2023-03-15
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