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Mundo Quem disse que um padre não pode ter uma esposa?

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Padre Paul Sullins é casado, tem um filho biológico e dois adotados. (Foto: Reprodução)

Todos os domingos o padre Paul Sullins celebra a missa das 9 horas na igreja São Marcos, nos arredores de Washington (EUA). A poucos metros do altar, os músicos que participaram da cerimônia são comandados por sua mulher, Mary Patricia. Ambos levam na mão esquerda a aliança que simboliza o casamento que os uniu há quase 30 anos, período no qual tiveram três filhos e dois netos.

Apesar de não ter feito o voto de celibato, Sullins desempenha as mesmas atribuições que qualquer um dos cerca de 40 mil padres católicos dos Estados Unidos. Além dele, existem ao menos outros 124 religiosos casados no grupo, quase todos ex-anglicanos que se converteram ao Catolicismo graças a uma decisão adotada pelo papa João Paulo II em 1980.

Com a mudança, eles puderam entrar na Igreja sem precisar abandonar suas famílias. Até então, os que faziam esse caminho tinham de se separar de suas mulheres. Sullins começou seus estudos no seminário episcopal em 1980 e se tornou pastor em 1984, um ano antes de se casar com Mary Patricia. Na década seguinte, ele começou a duvidar de sua fé anglicana e a se sentir desconfortável em uma igreja de posições cada vez mais liberais em relação ao aborto e ao casamento gay. “Meu problema dizia respeito à autoridade. Quem deveria decidir essas questões?”, disse, depois de rezar a missa na São Marcos.

Apesar de parecer um rebelde por sua conversão e condição minoritária entre os católicos, Sullins está longe de ser um liberal: ele é contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo e vê o divórcio e o aborto como pecado.

Para seu livro, Sullins entrevistou 70 padres casados convertidos da Igreja Episcopal ao Catolicismo. (Foto: Reprodução)

Para seu livro, Sullins entrevistou 70 padres casados convertidos da Igreja Episcopal ao Catolicismo. (Foto: Reprodução)

Outro fator determinante para a conversão foi sua identificação com a visão católica de que Cristo está presente na Eucaristia. “Quando percebi isso, não tinha escolha a não ser me tornar católico.” Apesar de ser casado, Sullins é cauteloso em relação ao fim do celibato e acredita que a Igreja Católica ainda tem de digerir muitas das transformações implementadas nos últimos 50 anos – em sua avaliação, elas superaram todas as realizadas no período histórico precedente. “Como sou casado, não creio que tenha isenção para dizer se a Igreja deveria mudar a questão do celibato. De qualquer maneira, não escolheria fazer isso neste momento”.

Sullins dedicou grande parte dos últimos sete anos a entrevistar 70 padres casados convertidos da Igreja Episcopal ao Catolicismo. O resultado é o livro “Keeping the Vow: the Untold Story of Married Catholic Priests” (“Mantendo o Voto: a História Não Contada de Padres Católicos”, em tradução livre). “Os padres casados tendem a ser mais dedicados ao cuidado da paróquia. E a principal razão para isso são suas mulheres”, concluiu Sullins.

Compreensão.

Quando Sullins se tornou padre na Igreja que frequenta há 20 anos, Marylove Moy reagiu com desconfiança. Educada em uma família católica tradicional, ela só havia conhecido religiosos celibatários. Mas as homilias “realistas” do ex-anglicano, sua compreensão dos problemas cotidianos enfrentados pelos fiéis e a dedicação de sua mulher, Mary Patricia, acabaram conquistando Marylove. “Recorro ao padre Paul quando preciso de compaixão. O fato de ele ser casado ajuda, porque lhe dá uma compreensão dos desafios do dia a dia apresentados pelos filhos e o casamento”, disse ela. Ainda assim, foram necessários cinco anos para que Marylove superasse a resistência.

Divórcio.

Wilbur Turner e sua mulher, Donna Chacko, frequentam a igreja São Marcos há cinco anos e nunca tiveram problema com o fato de Sullins ser casado. “A igreja tem uma visão idealista do matrimônio e a realidade que nós vivemos é diferente”, observou Turner, que se divorciou em 2002, anulou seu casamento religioso em 2005 e se casou com Donna em 2006. O que a perturba não é o fato de Sullins ser casado, mas a convicção da religiosa de que o divórcio é pecado. “Realmente não entendo isso.”

Perguntada se era a favor do fim do celibato, Marylove deu um suspiro profundo, revelador de um debate interior sobre o assunto. “Por que não?”, respondeu, depois de alguns segundos. Turner vê com simpatia o fim do celibato, mas ressalta que é uma decisão que deve ser tomada pelos religiosos.

Na avaliação de Sullins, a existência de 17 mil diáconos nos Estados Unidos, a maioria dos quais casados, familiarizou a comunidade católica do país com clérigos que não professam o celibato. Os diáconos podem desempenhar muitas das atribuições dos padres, como fazer batismo e casamento, mas são proibidos de ouvir confissões, celebrar a Eucaristia e a administrar a extrema-unção. (Cláudia Trevisan/AE)

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