Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 23 de julho de 2021
Solenidade não contou com a presença do público em geral, apenas de convidados
Foto: Reprodução/Twitter COIA cerimônia de abertura da Olimpíada de Tóquio uniu a tradição milenar japonesa com a tecnologia para homenagear as vítimas da Covid-19 em todo o mundo. A luta contra a pandemia que manteve o planeta recluso inspirou a concepção do evento, valorizando o esforço e a persistência individual.
Com o Estádio Olímpico praticamente vazio – apenas mil convidados estavam presentes –, a cerimônia foi pensada essencialmente para privilegiar a transmissão pela TV. Isso se tornou visível com uma das primeiras ações, em que uma moça agachada esticou o corpo acompanhada de uma sombra que não era a dela, mas de uma planta germinando. Mesmo assim, o desafio foi equilibrar as infinitas possibilidades do uso da tecnologia com a valorização do homem e sua limitação. O plano era mostrar como o ser humano, apesar da fragilidade diante de um vírus, resiste.
Assim, a referência à obra da artista plástica japonesa Yayoi Kusama logo no início da cerimônia, quando faixas de luz vermelha criaram desenhos segundo seu traço, foi significativa – em sua obra, Kusama explora os limites físicos e psicológicos da pintura, o que provocou uma feliz conexão com o esforço dos atletas que, durante o ano passado, foram obrigados a improvisar treinamentos em casa. Os Jogos, que ocorrerão até 8 de agosto, foram adiados de 2020 para 2021.
Foi significativa, portanto, a aparição de atletas, no centro do estádio, se exercitando solitários em esteiras e bicicletas ergométricas, lembrando o que aconteceu no mundo esportivo no ano passado. E também a escalação de competidores e profissionais da saúde para carregar a bandeira japonesa.
Apesar de celebrar a vida, a cerimônia também prestou homenagem aos mortos, especialmente às vítimas da Covid-19. Foi o que mostrou a performance do ator e dançarino japonês Mirai Moriyama, cuja apresentação de dança-arte, marcada pelos gestos silenciosos, teve como tema a morte, o renascimento e a simbiose.
O tom de homenagem prosseguiu quando um grupo de bailarinos e sapateadores lembrou uma classe muito respeitada no Japão, os bombeiros, especialmente os que foram vitimados pela Covid-19 e também pelo terremoto de 2011. A cena retratou o trabalho de marceneiros que resultou na confecção em madeira dos arcos olímpicos.
A tecnologia voltou a imperar com a exibição de um belo clipe cuja edição alternou cenas de atletas em competição com músicos tocando seus instrumentos clássicos. A sincronia corporal revelou o mesmo objetivo: a busca pela perfeição.
Delegações
A entrada das delegações seguiu a ordem do idioma japonês, o que deixou o Brasil atrás de países como Uruguai e Zâmbia. E, apesar de ocupar boa parte da cerimônia, foi reduzida pelo número menor de atletas participantes.
Por conta dos protocolos para a Covid-19, o Brasil optou por entrar com apenas quatro representantes: dois atletas e dois integrantes do Comitê Olímpico Brasileiro. A judoca Ketleyn Quadros e Bruninho, do vôlei, foram aplaudidos ao ensaiar passos de samba.
A dupla mostrou irreverência ao transformar o Estádio Olímpico de Tóquio em “avenida” para desfilar com a bandeira brasileira.