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Geral Tragédia amortecida: saiba por que muitos prédios de Taiwan resistem ao superterremoto

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Prédio ficou inclinado na cidade de Hualien, em Taiwan, após o forte terremoto. (Foto: Reprodução)

Após Taiwan sofrer seu terremoto mais grave em 25 anos, na madrugada de quarta-feira, imagens de prédios tombados, mas sem desabar, chamaram a atenção nas redes sociais, onde muitos se perguntaram como isso era possível. A explicação pode estar nas normas de construção civil adotadas nas últimas décadas, no tipo de estrutura erguida para o térreo dos imóveis e na “liquefação” do solo provocada pelo tremor, afirmam especialistas.

Terremotos não são raros em Taiwan. A ilha está localizada no “Círculo de Fogo” do Pacífico, a linha de falhas sísmicas que circunda o maior oceano da Terra e onde ocorrem a maior parte dos tremores do mundo. A região também é particularmente vulnerável a abalos sísmicos devido à tensão acumulada pelas interações entre as placas tectônicas do mar das Filipinas e da Eurásia, que podem levar a eventos súbitos na forma de terremotos.

Taiwan e suas águas circundantes registraram cerca de 2 mil terremotos com magnitude de 4,0 graus ou mais desde 1980 e mais de 100 terremotos com magnitude acima de 5,5, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos. O pior tremor da ilha nos últimos anos ocorreu em 1999, com magnitude de 7,7. Ele causou 2,4 mil mortes, feriu cerca de 100 mil pessoas e destruiu 5 mil edifícios.

Foi também um grande alerta que levou a reformas administrativas importantes para melhorar a resposta a emergências e a redução de desastres, segundo Daniel Aldrich, professor de ciência política e políticas públicas da Northeastern University. Após ser fortemente criticado por sua resposta ao terremoto de 1999, o governo taiwanês aprovou a Lei de Prevenção e Proteção contra Desastres e estabeleceu dois centros nacionais para lidar com a coordenação e o treinamento para terremotos.

“Acho que estamos vendo os resultados nesse terremoto mais recente”, disse Aldrich, em entrevista à AP.

De acordo com especialistas, o grau de resistência dos edifícios aos terremotos é um fator fundamental que determina o impacto de um abalo sísmico. Taiwan, Japão e Itália, por exemplo, são considerados países com edifícios construídos para resistir a terremotos, assim como o estado americano da Califórnia.

“Os edifícios matam as pessoas, não os terremotos”, disse Raffaele De Risi, professor sênior da Escola de Engenharia Civil, Aeroespacial e de Design da Universidade de Bristol, ao diário The National News, dos Emirados Árabes Unidos. “Quando há muitos terremotos, a tendência é desenvolver melhores códigos de construção. Se você estiver em conformidade, seus edifícios tendem a falhar menos.”

Os códigos de construção regem os padrões segundo os quais os edifícios devem ser projetados e construídos e, em países com atividade sísmica significativa como Taiwan, eles desempenham um papel fundamental para garantir que residências, escritórios, hospitais, escolas e similares sejam capazes de enfrentar terremotos.

O governo taiwanês revisa periodicamente o nível de resistência a terremotos exigido de edifícios novos e antigos na ilha – o que pode aumentar os custos de construção – e oferece subsídios aos moradores dispostos a verificar a resistência a tremores de seus edifícios. Após um terremoto em 2016 em Tainan, na costa sudoeste da ilha, por exemplo, cinco pessoas envolvidas na construção de um prédio de apartamentos de 17 andares, que foi a única grande estrutura que desabou, matando dezenas de pessoas, foram consideradas culpadas de negligência e condenadas à prisão.

Taiwan também promove simulações de terremotos em escolas e locais de trabalho, enquanto a mídia pública e os telefones celulares divulgam regularmente avisos sobre terremotos e segurança.

“Essas medidas aumentaram significativamente a resistência de Taiwan a terremotos, ajudando a mitigar o potencial de danos catastróficos e perda de vidas”, disse Stephen Gao, sismólogo e professor da Universidade de Ciência e Tecnologia do Missouri, em entrevista à AP.

De acordo com Konstantinos Tsavdaridis, professor de engenharia estrutural da City, Universidade de Londres, muitos edifícios em Taiwan são construídos com concreto reforçado, usando “colunas muito densas, com espaçamento estreito e vãos curtos”, de modo a minimizar os impactos dos terremotos. Em alguns casos também são usados rolamentos de borracha para amortecimento dos abalos, explicou ao The National News.

A inclinação de prédios como o Uranos, em Hualien, no epicentro do terremoto de quarta, pode ser explicada, em parte, pela existência de um “andar macio” no térreo, afirma Tsavdaridis. Segundo o especialista, enquanto os andares superiores têm paredes bastante sólidas, que parecem não ter sido afetadas, o térreo conta com um átrio ou lojas com grandes janelas de vidro, e por isso desmoronou:

“Ele não caiu, mas está se inclinando em um ângulo de 45 graus. As colunas do andar térreo não têm preenchimento. Não há paredes de suporte de carga para sustentá-las. Normalmente, é nos [andares] superiores que elas existem.” As informações são do jornal O Globo.

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