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Colunistas Um mundo de incertezas

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A crise do Coronavírus e a espetacular queda nos preços do petróleo nesse início de março, colocaram o mundo em forte alerta. A atual interdependência dos mercados não permite que ninguém assista aos acontecimentos de camarote. De alguma ou de outra forma, todos estão sendo afetados. Seria esse um padrão recorrente? As crises fariam parte da paisagem normal onde a impermanência condiciona regras do jogo? Parece que sim, e não é de hoje que as crises tiram o sono de investidores e trabalhadores em geral. Por motivos diferentes, ambos se encontram amarrados ao destino do capitalismo que tem, num frágil equilíbrio, seu maior e permanente desafio.

Os mercados sempre sofreram com crises, quebras, pânicos e especulações.

Na verdade, parece que o próprio capitalismo, na constante busca pelo seu necessário equilíbrio, alimenta-se de períodos turbulentos para trazer o curso da economia ao seu leito normal, corrigindo, muitas vezes de modo dramático, o anseio infindável das ambições e ganância humanas.

As crises vem e vão, num eterno balé onde os investidores, em sua grande maioria, movimentam-se feito marionetes ao sabor do Deus mercado.

Pior do que as cíclicas crises, entretanto, são os desafios estruturais que nos aguardam.

No excelente livro de Yuval Harari (21 lições para o século 21) , o autor israelense aponta para três grandes problemas que a humanidade terá que enfrentar neste século: uma governança para a Inteligência Artificial; coordenação adequada na gestão do risco para evitar uma guerra nuclear e , por fim, forte cooperação e articulação mundial na questão ambiental. Além disso, dois outros grandes desafios já causam enorme preocupação, pois ocorrem simultaneamente, impondo aos governos estratégias ainda inéditas para esse enfrentamento: trata-se do rápido envelhecimento das populações dos países desenvolvidos e do desemprego estrutural, fruto da atual revolução tecnológica.

Na questão do desemprego, o autor Jeremy Rifkin, em 2004, já alertava para esse risco crítico envolvendo a sociedade moderna. Segundo Rifkin, uma transformação fundamental na natureza do trabalho está remodelando a civilização do século XXI. Estamos adentrando em uma nova fase na história, um período caracterizado pelo declínio contínuo e inevitável do nível de empregos. Computadores sofisticados, robótica, telecomunicações e outras tecnologias da Era da Informação estão rapidamente substituindo os seres humanos em praticamente todos os setores e mercados. Fábricas e empresas virtuais quase despovoadas assomam no horizonte.

Cada país terá de se ajustar e lidar com os milhões de pessoas cujo trabalho se torna cada vez menos necessário, quando não totalmente irrelevante, numa economia global progressivamente automatizada.

Outro desafio está ligado ao rápido envelhecimento da população. Com os avanços na medicina, a expectativa de vida em países desenvolvidos mais que dobrou nos últimos cem anos, colocando enorme pressão sobre os serviços médicos e previdenciários. Num mundo mais idoso e com menos empregos, os níveis de solidariedade terão que inevitavelmente crescer, sob pena de crescente tensão social.

Na próxima crise que certamente virá, quem sabe um olhar mais atento e acima do frenesi dos mercados, indiquem com mais clareza que os problemas mais importantes não estão exatamente no vai e vem das ações, mas em questões fundamentais que, por serem menos estridentes que os gritos da Bolsa, não estão a receber a atenção que merecem.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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https://www.osul.com.br/um-mundo-de-incertezas/ Um mundo de incertezas 2020-03-12
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