Segunda-feira, 07 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 5 de julho de 2019
A calmaria que os irmãos Celso Pereira Neto e Lucas Pereira aguardavam para tentar instalar um leme reserva e retomar o controle do veleiro Katoosh sumiu da previsão do tempo. À deriva há dois dias na Polinésia Francesa , após acidente durante expedição de volta ao mundo, os irmãos de Ubatuba colocaram em ação um “plano B” . Em diário de bordo publicado no Instagram, Lucas relatou novos momentos de tensão em meio a grandes ondas e fortes ventos.
Desde quarta-feira, os irmãos tentam preservar a embarcação, que teve o leme destruído ao se chocar contra um objeto no mar. Nesta sexta-feira, eles precisaram até mergulhar no mar para salvar o bote e evitar que o veleiro fosse levado na direção da costa. Depois de três horas de luta, com o Katoosh posicionado de forma segura, eles constataram o contratempo.
“Checamos novamente a previsão do tempo, parecia mentira… A calmaria prevista para sábado e que tanto esperávamos simplesmente sumiu! Os ventos e as ondas continuarão não sabemos por mais quanto tempo. Não podemos simplesmente sentar, cruzar os braços e esperar a trégua das condições climáticas. PLANO B!”, destacou Lucas, na postagem.
Os irmãos entraram em contato com um casal que vive na região e receberam o conselho de ancorar do lado de fora do atol de Fakarava, a 46 quilômetros de onde estavam. Lá, poderiam se abrigar dos ventos e das ondas, elaborar um “leme improvisado” e aguardar a chegada da calmaria. Este passou a ser o objetivo dos tripulantes, que planejam depois velejar com o leme reserva instalado até o Tahiti, a 463 quilômetros de distância, e aí instalar uma estrutura nova.
“O perigo desse novo plano é que, para ancorar, deveremos nos aproximar da terra, mas acredito que não temos outra escolha”, escreveu Lucas.
Segundo ele, os irmãos partiriam ao nascer do sol, “com as cabeças a mil”. A ansiedade é tamanha que, para Lucas, “as ondas passando por cima do barco já nem incomodam tanto”.
“Pior momento de mar”
Antes de checarem a previsão do tempo e acionaram o plano B, Neto e Lucas disseram ter passado “pelo pior momento de mar e ventos” desde que ficaram à deriva. Segundo eles, uma forte onda girou o veleiro em direção à terra, o que eles precisariam remediar rapidamente.
“Se não girássemos novamente o barco para a posição correta, em algumas horas o Katoosh estaria se chocando contra a costeira. Assim começou nosso dia…”, destacou.
Outra onda virou o bote. Com medo de que o tanque de combustível do inflável caísse e tirasse de vez essa opção de escape, eles precisaram fazer uma pausa na operação de giro do Katoosh e pularam na água para salvar o bote. Depois, voltaram ao desafio principal.
“Pensa, pensa, pensa! A boca estava seca, coração e adrenalina a mil! Essa sensação de impotência, aliada com a pressão de ter que resolver o problema logo é cruel! Tentamos ligar o motor para frente, nada! Para trás, nada! Em alguns momentos, o barco adernava tanto que o hélice saía para fora da água! Doideira! As ondas estourando em cima de nós, vento forte, mal sentíamos a ponta dos dedos!”, relatou Lucas.
Em seguida, as boias que faziam os cabos do bote flutuarem sumiram, e o cabo que o conectava à embarcação se enroscou no hélice. Com máscara de mergulho, Lucas disse ter pulado na água e cortado o cabo com uma faca. Depois do “perrengue”, as ondas colaboraram.
“Uma das grandes veio em nossa direção! Com a força do vento, ela começou a quebrar, aquela espumeira branca vindo em nossa direção. Neto gritou ‘seguraaa’! Nos agarramos onde deu e tomamos pancada bem na popa do veleiro. A onda deu a força que faltava e, depois de três horas, conseguimos dar o bordo e girar o barco na direção que precisávamos”, contou.
De acordo com Lucas, Neto “soltou um berro comemorativo” que ele não conseguiu acompanhar por “estar morto”. Só disse “é nois” e cumprimentou o irmão por “mais uma missão”. As informações são do jornal O Globo.