Sexta-feira, 29 de março de 2024
Por Redação O Sul | 10 de setembro de 2019
Apesar do “novo momento”, o presidente da República em exercício, Hamilton Mourão, rebateu nesta terça-feira (10) as falas do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, que disse que por meios democráticos não haverá as mudanças rápidas desejadas no País. Mourão disse que as declarações são “problema” de Carlos e defendeu a democracia e a possibilidade de promover mudanças no Brasil a partir dela.
“Lógico, senão a gente não tinha sido eleito. Temos que negociar com a rapaziada do outro lado da Praça [dos Três Poderes]. É assim que funciona. Com clareza, determinação e muita paciência”, afirmou ao ser questionado sobre a postagem do filho do presidente.
Com Jair Bolsonaro internado após passar por cirurgia para corrigir uma hérnia incisional no domingo (08), o vice-presidente assumiu a interinidade da Presidência da República e ficará no cargo até esta quinta-feira (12).
Diferentemente de outros momentos em que substituiu o presidente, Mourão deve cumprir uma agenda discreta e não fazer declarações de grande repercussão. Aliados do presidente também avaliam que o vice-presidente encontra-se em uma “nova fase” e que sua passagem pelo cargo desta vez não deve ser turbulenta, mas mantêm a vigília sobre o general.
Na segunda-feira (09), o general gaúcho foi a São Paulo, onde participou da Conferência Anual do Conselho Empresarial Brasil-China e visitou Bolsonaro no Hospital Vila Nova Star. Nesta terça-feira (10), Mourão despachou de seu gabinete e teve encontros com empresários.
O “protagonismo” assumido por Mourão nos primeiros meses do governo em que teve de substituir o presidente no exercício do cargo – quando este participava de viagens oficiais ou esteve internado em decorrência das cirurgias após o atentado a faca sofrido durante a campanha – trouxe desconfortos no entorno de Bolsonaro e chegou a gerar um pedido de impeachment feito pelo deputado Marco Feliciano (Podemos-SP).
As declarações de Mourão, que muitas vezes adotava um tom mais moderado e se contrapunha a posições do presidente, o tornaram alvo de críticas de bolsonaristas, de Carlos Bolsonaro e do escritor Olavo de Carvalho, tido como o “guru” de Bolsonaro.
Em entrevista concedida no final de agosto, o vice negou conflito com Bolsonaro e disse que o presidente havia decidido “tratar pessoalmente” da comunicação do governo. “Estou apenas cuidando do meu quadrado”, afirmou o militar.