Sábado, 11 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 21 de março de 2018
O PSOL protocolou nesta quarta-feira (21) pedido de cassação do deputado Alberto Fraga (DEM-DF) no Conselho de Ética da Câmara, por ataque com informações falsas à vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada no Rio de Janeiro na semana passada. O parlamentar, que é presidente da “bancada da bala”, publicou as ofensas na sexta-feira (16) no Twitter. No post, acusava Marielle de ter sido eleita com a ajuda da facção Comando Vermelho e de ter sido casada com o traficante Marcinho VP.
“Conheçam o novo mito da esquerda, Marielle Franco. Engravidou aos 16 anos, ex esposa do Marcinho VP, usuária de maconha, defensora de facção rival e eleita pelo Comando Vermelho, exonerou recentemente 6 funcionários, mas quem a matou, foi a PM”, publicou o deputado. As informações da publicação são falsas.
Na representação por quebra de decoro parlamentar, o PSOL afirma que “a calúnia, em si, já é um crime lamentável”, mas que “quando acontece, todavia, após a morte, é conduta ainda mais reprovável, por ser absolutamente covarde, ao não permitir ao outro aplicar meios de defesa”.
Na segunda-feira (19), Fraga afirmou não ter checado as informações antes de publicar. Segundo ele, elas haviam sido repassadas por uma “fonte fidedigna”.
“Diante das acusações de que foi a Polícia Militar [que matou Marielle], sem nenhuma prova, eu falei: ‘vou colocar isso aqui'”, afirmou. “Eu realmente não chequei, porque eu já tinha essa pessoa com conhecimento, autoridade pública do Rio de Janeiro.”
O deputado apagou a postagem e a conta na rede social após a repercussão do caso.
Marielle, de 38 anos, foi morta na quarta-feira (14) na Zona Norte do Rio de Janeiro após deixar encontro com mulheres negras. Também morreu seu motorista Anderson Gomes, 39. Uma assessora que se sentava ao seu lado sobreviveu.
Os criminosos fugiram sem roubar nada. A morte da vereadora levou a protestos em diversas cidades do país pedindo o esclarecimento do crime.
Na Justiça
No fim de semana, o PSOL informou que iria denunciar a conduta de Alberto Fraga ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. O partido também acionou o Conselho Nacional de Justiça – desta vez, contra a desembargadora do Rio de Janeiro Marília Castro Neves.
Marília também publicou notícias falsas sobre Marielle France em uma rede social. Na mensagem, a magistrada dizia que a vereadora “estava engajada com bandidos”, tinha sido “eleita pelo Comando Vermelho” e era “um cadáver tão comum quanto qualquer outro”.
Desde a última quinta-feira (15), um grupo de advogadas tenta rastrear o material calunioso que está se espalhando pela web. Até a manhã de domingo, a iniciativa já contabilizava mais de 2 mil denúncias.
O objetivo é enviar todos os casos com autores identificadospara investigação na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática da Polícia Civil do Rio, ou para retratação pública na Justiça. As denúncias podem ser recebidas no e-mail: contato@ejsadvogadas.com.br .
“Vamos mapear todo e qualquer ataque que venha pela internet, para entregar à Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática”, disse em entrevista à TV Globo o vereador Tarcísio Motta (PSOL-RJ), colega de bancada de Marielle na Câmara do Rio.