Terça-feira, 23 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 15 de novembro de 2019
O prefeito de Veneza determinou, nesta sexta-feira (15), o fechamento da praça de São Marcos, devido a uma nova inundação causada pela maré alta. “Me vejo forçado a isso para proteger os cidadãos de riscos sanitários… Um desastre”, declarou o prefeito Luigi Brugnaro. A praça é um dos principais pontos turísticos da cidade.
Famosa por seus canais, Veneza enfrenta a pior enchente dos últimos 50 anos. Ao menos duas pessoas morreram. A previsão é que a água alcance um nível perigoso, depois de três dias de inundações que causaram graves danos materiais na cidade e obrigaram as autoridades a declararem estado de emergência. Também são esperadas chuvas e ventos fortes.
Os venezianos tentavam se recuperar depois da dramática maré alta da terça-feira à noite, quando chegou a 187 centímetros, o segundo recorde histórico, que inundou 80% da cidade. A maior marca foi registrada em 1966: 194 centímetros.
Uma onda de solidariedade tomou conta da península, com doações e contribuições para ajudar os residentes e proprietários de atividades comerciais a recuperar parte de seus bens perdidos. Os venezianos passaram boa parte do dia retirando água e tentando salvar eletrodomésticos, móveis e outros objetos que foram danificados.
Na quinta à noite (14), alguns turistas se divertiram passeando com botas altas de plástico. A cidade recebe 36 milhões de visitantes por ano, 90% deles estrangeiros. Veneza debate há anos sobre os sistemas mais adequados para se proteger das marés altas. O governo convocou para 26 de novembro uma reunião para analisar a fundo seus problemas de infraestrutura.
Segundo estimativas, o fenômeno das marés altas aumentará devido à mudança climática e ao aquecimento do mar Adriático. O ministro italiano do Meio Ambiente, Sergio Costa, disse que as causas do desastre são a “consequência direta da mudança climática e da tropicalização dos fenômenos meteorológicos com precipitações violentas e fortes rajadas de vento”.
Também estão em debate vetar a passagem de grandes cruzeiros por seus canais e o que fazer com o controverso megaprojeto Mose, idealizado há 30 anos para proteger a cidade e que ainda não entrou em funcionamento.
O complexo e custoso sistema de comportas que começou a ser construído em 2003 deveria estar concluído em 2016, mas não estará pronto antes de 2021. Enquanto o prefeito de Veneza, Luigi Brugnaro, pede que se “termine o quanto antes”, os ecologistas o consideram faraônico, custoso demais, obsoleto e inadequado.
Na noite de quarta-feira (13), a sede do Conselho Regional do Vêneto, em Veneza, foi alagado logo após uma sessão na qual os conselheiros haviam rejeitado adotar medidas para combater os efeitos das mudanças climáticas.