Sábado, 05 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 4 de novembro de 2020
Localizado na Zona Norte de Porto Alegre, o Hospital Conceição começou a participar dos testes da vacina experimental contra o coronavírus elaborada pelo laboratório belga Janssen, divisão da empresa norte-americana Johnson & Johnson. O estudo está na chamada “Fase 3” (com aplicação do candidato a imunizante e também de placebo) e prevê a participação de até 2 mil voluntários.
A pesquisa é dividida em quatro segmentos: 18 a 59 anos, a partir de 60 anos, entre 18 e 59 anos e, por último, acima de 60 anos mas com comorbidades. Cada participante receberá uma dose única do fármaco ou de placebo (o contingente é dividido em dois grupos de igual número de pessoas). Entre cada etapa será feita um intervalo para avaliação de segurança do produto, verificando eventuais reações adversas, por exemplo.
Ao todo, os testes da Janssen prevêem o engajamento de aproximadamente 60 mil voluntários em todo o mundo, em uma lista de instituições que inclui, no Rio Grande do Sul, duas instituições da Capital: o Hospital de Clínicas (que deve começar o estudo nos próximos dias e já atua na pesquisa da vacina de Oxford) e o Conceição – somente neste último, foram 4 mil adesões em apenas dois dias de inscrição.
Conforme o coordenador do Serviço de Infectologia e pesquisador responsável pela condução do estudo clínico no Conceição, Breno Riegel Santos, a expectativa é de que essa vacina experimental cumpra a missão de induzir à imunidade efetiva contra o coronavírus.
“Todos estamos ansiosos para que tenhamos um imunizante seguro e confiável”, acrescentou o diretor-presidente do GHC (Grupo Hospitalar Conceição, que também administra o Hospital Cristo Redentor), Cláudio Oliveira.
Paralisação
A pesquisa com o imunizante da farmacêutica sueca ficou parada no período de 12 de outubro até a última segunda-feira (2) em todos os países. Motivo: um dos participantes – nos Estados Unidos – apresentou reação considerada grave durante a fase de testes.
No Brasil, o reinício foi autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), com a garantia de “segurança aos voluntários brasileiros que pretendam participar do experimento”.
Ainda conforme o órgão regulador, as regras da pesquisa clínica já previam a ocorrência de “eventos adversos” e a identificação desse tipo de intercorrência serve justamente para definir o perfil de segurança de cada medicamento:
“Após avaliar dados do Comitê Independente de Segurança e da FDA [autoridade norte-americana que regulamenta o setor nos Estados Unidos], concluíamos que a relação entre benefício e risco se mantém favorável”.
“É importante destacar que a Anvisa continuará acompanhando todos os eventos adversos observados durante o estudo e, caso seja identificada qualquer situação grave com voluntários brasileiros, tomará as medidas previstas nos protocolos para a investigação criteriosa desses eventos”, acrescentou a agência.
Ao menos 12 voluntários brasileiros (todos do Rio de Janeiro) já haviam participado do teste – recebendo a dose da vacina experimental ou de placebo – no momento da interrupção em âmbito internacional, há quase um mês. O estudo da Janssen-Cilag está sendo conduzido em 11 Estados, com previsão de envolver quase 7,6 mil voluntários com idade superior a 18 anos.
Pesquisas
Atualmente, seis instituições localizadas em território gaúcho estão engajadas na terceira fase da testagem (com contingentes mais amplos) da segurança e eficácia de três vacinas experimentais contra a Covid:
– Hospital Conceição e Hospital de Clínicas de Porto Alegre: testes com a vacina da farmacêutica belga Janssen, vinculada ao conglomerado norte-americano Johnson & Johnson;
– Hospital de Clínicas de Porto Alegre e Hospital Universitário de Santa Maria, na Região Central – estudo clínico da vacina em desenvolvimento pela Universidade de Oxford (Reino Unido) em parceria com a farmacêutica anglosueca AstraZeneca;
– Hospital São Lucas da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica), em Porto Alegre, e Hospital Escola da UFPel (Universidade Federal de Pelotas), na Região Sul do Estado – pesquisa do imunizante da empresa chinesa Sinovac.
(Marcello Campos)