Domingo, 04 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 24 de novembro de 2015
Até que ponto a superproteção pode fazer mal aos filhos? A ex-reitora da Universidade americana de Stanford, Julie Lythcott-Haims, escreveu recentemente o livro “How to Raise an Adult” (“Como Criar um Adulto”, na tradução livre), alertando sobre os perigos da superproteção dos filhos.
Segundo ela, crianças e adolescentes protegidos em bolhas podem se tornar adultos incapazes de resolver problemas sozinhos e infantis emocionalmente. Ela avaliou que antigamente os pais preparavam seus filhos para a vida, que nunca foi moleza, enquanto hoje eles os protegem da vida.
Eles criam verdadeiras redomas onde colocam seus filhos supostamente protegidos de todos os riscos e perigos do mundo real, do sofrimento, dos fracassos, e até da necessidade de se virar por conta própria.
São os os “pais helicóptero”. Superprotetores e intrometidos, um fenômeno da sociedade atual.
O termo surgiu em 1969, no livro “Between Parent & Tennager” (“Entre Pais e Adolescentes”, na tradução livre), de Haim Ginott, que mencionou um adolescente que reclamava da mãe, dizendo: “Minha mãe fica como um helicóptero sobre mim”.
Esses pais estão sempre advertindo os filhos dos possíveis perigos, evitando que cometam erros e até boicotando sua capacidade de escolha quanto às amizades ou namoros quando são adolescentes.
Tipos de pais helicópteros.
Onde se encontra o equilíbrio entre ajudar a uma criança e protegê-la ou superprotegê-la? Para encontrar o caminho, psicólogos estabeleceram três categorias de pais helicópteros.
A primeira categoria é a chamada “helicópteros de combate”. Esses pais são os que se caracterizam em voar para lutar pelos seus jovens. Trata-se, normalmente, do pai helicóptero que os administradores e empregados da escola consideram de menor ajuda.
A segunda modalidade corresponde aos pais conhecidos como “helicópteros de tráfego”. Nesse grupo se encontram os pais que vão guiando suas crianças, marcam o caminho que consideram mais adequado e ajudam os filhos a tomarem decisões apropriadas ao longo das suas vidas. A diferença entre esse tipo de “helicóptero” e o “helicóptero de combate” é que o helicóptero de tráfego finalmente permite ao estudante seguir seu próprio caminho.
O terceiro tipo de pais superprotetores são os que formam o grupo de “helicópteros de resgate”. A função desse tipo de pai é tirar seus jovens de situações de crise e levá-los para um lugar seguro, ou proporcioná-los abastecimento para que voltem a se levantar e se colocarem em pé.
Efeitos da superproteção.
Estudos mostram os efeitos negativos de superproteger os filhos. Um deles, publicado no Journal of Child and Families Studies, descobriu que esse comportamento dos pais aumenta o risco de a criança se sentir incompetente, sofrer depressão e ansiedade – consequências que muitas vezes podem surgir no longo prazo. Outra análise, feita a partir da revisão de 70 levantamentos, envolvendo mais de 200 mil crianças, da University of Warwick, no Reino Unido, revelou que a superproteção aumenta também o risco de bullying.
É trabalhoso encontrar o ponto certo entre negligência e superproteção. Que tal, em vez de ser um pai ou mãe helicóptero, você se tornar um “submarino”? Essa metáfora, citada no livro “Fun-Filled Parenting: A Guide to Laughing More and Yelling Less”, (Parentalidade Repleta de Diversão: Um Guia para Rir Mais e Gritar Menos, na tradução livre) de Silvana Clark, alude ao perfil de adulto que está por perto, cuidando do filho, mas não tão visível. Só sobe para a terra quando realmente for necessário, mas não abandona nem deixa de entrar em contato com a criança.