Terça-feira, 15 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 9 de junho de 2025
O tenente-coronel Mauro Cid afirmou nessa segunda-feira (9) que o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa general Walter Souza Braga Netto, era elo entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e os acampamentos montados em frente aos quartéis-generais.
A declaração de Cid foi no contexto do interrogatório sobre a tentativa de golpe de Estado. Ele foi o primeiro a falar. Na ocasião, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro respondia às perguntas do ministro Alexandre de Moraes.
Moraes questionou Cid sobre depoimento anterior em que ele afirmou que Bolsonaro não queria que “o pessoal saísse das ruas”.
“Esse ‘pessoal’ seriam as pessoas em frente aos quartéis do Exército?”, questionou Moraes. Em resposta, Cid disse que sim, que se tratavam dos manifestantes.
Em outro momento Moraes fez uma nova pergunta sobre o elo entre o ex-presidente e as pessoas acampadas.
“Quem era o elo de ligação entre os manifestantes que estavam à frente dos quartéis e o ex-presidente?”, perguntou o ministro. Ao passo em que Cid apontou Braga Netto.
“O presidente, desde que ele perdeu as eleições, ele ficou muito recluso. As agendas oficiais quase não tiveram mais, e quem tinha esse contato externo, que todo dia passava pela manhã para atualizar o presidente sobre o que estava acontecendo era o general Braga Netto”, afirmou Cid.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro também confirmou recebimento de dinheiro de Braga Netto, em uma caixa de vinho, mas não soube precisar o valor. Cid afirmou que acreditava se tratar de dinheiro vindo do agronegócio para financiar os acampamentos.
O dinheiro foi recebido no Palácio da Alvorada, e, segundo Cid, foi repassado ao tenente-coronel do Exército Rafael Martins de Oliveira.
Durante o interrogatório, Cid também descreveu Braga Netto como pertencente de um grupo moderado dentro do governo no sentido de pressionar o ex-presidente Bolsonaro a tomar uma medida com relação ao resultado das eleições.
Defesa
Durante o depoimento, Cid foi confrontado pela defesa do general Braga Netto sobre não ter denunciado o recebimento do dinheiro nos primeiros depoimentos de delação prestados à Polícia Federal.
Cid disse que considerou a atitude do general “normal”, por achar que o dinheiro era para financiar apoiadores de Bolsonaro que estavam acampados em frente aos quartéis do Exército. No entanto, depois que as investigações avançaram, o ex-ajudante de ordens disse que se deu conta de que o dinheiro poderia ser usado para financiar as ações da trama golpista.
“Normal não seria, mas naquele contexto, na manifestação dos quartéis, eu não vi nada demais. Como foi pedido ajuda, não vi como hipótese criminal”, afirmou.