Sábado, 23 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 22 de agosto de 2025
A Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu oficialmente, nessa sexta-feira (22), o estado de fome da população de Gaza. É a primeira vez que esse tipo de situação é declarada no Oriente Médio. O diretor de ajuda humanitária da organização, Tom Fletcher, aponta a responsabilidade direta de Israel na crise, devido à “obstrução sistemática” de ajuda humanitária. Cerca de 500 mil pessoas estão em grave risco pela falta de comida na região.
Foram meses de advertências de organismos internacionais de direitos humanos sobre a situação dos palestinos vitimados pelo massacre israelense até que a Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC), órgão da ONU com sede em Roma, reconhecesse o estado de fome em Gaza. A situação deve piorar e afetar as áreas de Deir al Balah e Khan Yunis até o final de setembro, atingindo cerca de 600 mil pessoas, conforme projeta a organização.
Além disso, dentre os cerca de 2 milhões de habitantes de Gaza, aproximadamente 1,14 milhão estão em situação de emergência para a fome (Fase 4 do IPC), e outras 396 mil, em situação de crise para a fome (Fase 3).
“A fome em Gaza poderia ter sido evitada se tivéssemos sido autorizados a agir”, afirmou Fletcher, durante uma coletiva de imprensa em Genebra. “Fazer as pessoas passarem fome por objetivos militares é um crime de guerra”, completou o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk.
Além dos bloqueios à entrada de ajuda humanitária, Israel elegeu uma organização para realizar a entrega de mantimentos, que tem servido de locais de emboscada para o assassinato de palestinos. Esse tipo de ação provocou centenas de mortes e milhares de feridos.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, segue negando que a fome generalizada esteja assolando Gaza, mesmo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU) e relatos internacionais apontando para uma crise humanitária no território palestino.
Dados
Em um banco de dados confidencial, as Forças Armadas de Israel identificaram como membros de grupos terroristas apenas 17% do total de mortos por conta da guerra na Faixa de Gaza até maio deste ano.
Os 83% restantes — cerca de 42 mil pessoas, até aquela data — eram civis.
O banco de dados, que pertence ao serviço de inteligência militar de Israel, foi encontrado por uma investigação conjunta do jornal “The Guardian”, da revista israelo-palestina “+972 Magazine” e do site israelense Local Call.
Segundo a investigação, a agência de inteligência israelense listou os 8.900 combatentes mortos, todos pertencentes ao Hamas e à Jihad Islâmica, os dois principais grupos terroristas que atuam em Gaza.
Na ocasião, o balanço do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, apontava que o número de mortes no território palestino desde o início da guerra era de 53 mil pessoas.