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Por Redação O Sul | 10 de maio de 2019
O índice de aprovação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, atingiu 46% – algo inédito desde sua chegada ao poder no dia 20 de janeiro de 2017 – segundo pesquisa do instituto Gallup.
De acordo com o Gallup, 46% dos americanos aprovam a administração Trump, contra 50% que a desaprovam.
Em março, 39% tinham uma opinião positiva das ações do presidente.
A nova pesquisa sai após uma série de indicadores econômicos positivos e do relatório do procurador especial Robert Mueller descartando o conluio entre a equipe de campanha de Trump e a Rússia durante as eleições presidenciais de 2016.
A pesquisa foi realizada entre 17 e 30 de abril, antes das últimas revelações sobre um email de Mueller para o secretário de Justiça, Bill Barr, no qual o procurador especial manifesta seu desacordo com a forma como o ministro resumiu sua investigação.
Entre os republicanos, a aprovação de Trump é de 91%, mas cai para 12% entre os democratas.
Relação com Cohen
Michael Cohen – o ex-advogado pessoal do presidente Donald Trump – foi sentenciado à prisão após se declarar culpado por oito crimes e ofereceu informações aos investigadores para comprometer o presidente estado-unidense em troca da redução e sua pena.
Além disso, Cohen criticou duramente o presidente, ao afirmar que espera que, quando estiver solto, “o país não tenha xenofobia, injustiça e mentiras” no mais alto escalão.
Em dezembro do ano passado, Cohen foi condenado por sonegação de impostos e por mentir no Congresso. Também foi condenado por comprar o silêncio de duas mulheres para que não tornassem públicas as relações que elas teriam tido com o presidente Trump.
Para tentar reduzir sua sentença, ofereceu informações aos investigadores que pudessem comprometer Trump e sua família, incluindo sobre a acusação de interferência russa na disputa presidencial de 2016. Ele disse nesta segunda-feira, antes de entrar no carro rumo à prisão de Otisville, que ainda tem muito para contar.
Mescla de nacionalismo econômico e liberalismo
Donald Trump inverte a lógica da política tradicional desde que decidiu disputar a Casa Branca.
Atravessou a campanha de 2016 vociferando que interesses americanos deveriam estar sempre em primeiro lugar e que imigrantes e acordos de livre-comércio não teriam importância no seu governo.
Muito pelo contrário: a retórica protecionista contrariava aspectos historicamente liberais do Partido Republicano e antecipava a dificuldade de encaixar Trump como seguidor de uma doutrina que não fosse a dele mesmo.
Na Casa Branca, o presidente colocou em prática o nacionalismo econômico, com medidas intervencionistas que o afastaram do liberalismo clássico.
Segundo especialistas, porém, sua gestão não exclui completamente a filosofia que surgiu na Europa e nos EUA no século 19.
“Existe o liberalismo americano, isto é, defensor de um governo maior e mais ativo, e o clássico europeu, que defende mais liberdade pessoal e econômica. Posso ver elementos de ambos em Trump”, afirma o analista político Michael Barone, do American Enterprise Institute.
Duas de suas principais investidas, o por ora fracassado muro na fronteira dos EUA com o México e a guerra comercial com a China, são exemplos concretos que passam longe do que acreditam os liberais.
Já a primeira vitória de Trump no Congresso —a aprovação de uma reforma tributária em 2017— flerta com valores liberais de redução dos impostos.
“Medidas de Trump no comércio e na política imigratória estão em tensão com o liberalismo clássico, mas não vejo o nacionalismo como oposto ao liberalismo”, diz Barone.