Terça-feira, 14 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 20 de março de 2016
O presidente da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), José Robalinho Cavalcanti, criticou as declarações do novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, que comparou as delações premiadas da Operação-Lava Jato à prática de extorsão, devido à decretação de prisões preventivas para que ocorra a colaboração, sem voluntariedade.
Para o procurador, Aragão (que também é integrante do Ministério Público) errou ao politizar uma questão técnica. “Ao falar em extorsão, o ministro escorregou ou está fazendo um discurso político, mas o fato é que não existe extorsão alguma”, protestou Cavalcanti. “Não há delação premiada sem voluntariedade no Brasil e nem mesmo na Lava-Jato”, ressaltou.
A suposta politização dos agentes de Estado, insinuada pelo novo ministro, também foi rebatida. “Com todo respeito, mas ao falar em extorsão, quem está tentando politizar a Lava-Jato é justamente o ministro da força-tarefa”, frisou Cavalcanti. “Todas as delações foram tomadas com voluntariedade e analisadas por um Judiciário técnico e livre.”
Para a Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais), a preocupação do novo ministro “é compreensível, embora isso não atinja a autonomia investigativa da PF”. Em comunicado, o presidente da entidade, Luís Boudens, disse esperar que o foco de Aragão em relação à PF seja o de equilibrar os ânimos internos e finalizar a reestruturação do órgão.