Domingo, 27 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 14 de abril de 2018
O juiz-substituto da 3ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba (PR), Jailton Juan Tontini, proibiu os manifestantes a favor ou contra a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ocuparem áreas públicas ao redor da Superintendência da PF (Polícia Federal) na cidade, onde líder o petista está detido.
No despacho, em caráter liminar, o magistrado ainda determinou o pagamento de uma multa diária de R$ 500 mil para entidades que desrespeitarem a ordem de desocupação. Ele cita como réus da decisão a CUT (Central Única dos Trabalhadores), o Movimento Curitiba contra Corrupção, o MBL (Movimento Brasil Livre), o Movimento UFPR Livre e o próprio PT.
A decisão teve por base o “descumprimento de interdito proibitório concedido à prefeitura de Curitiba, expedido no domingo, dia 8 de abril”. No texto, Tontini ressalta: “Determino aos réus que imediatamente cumpram a ordem judicial proferia por este Juízo, sob pena de multa de R$ 500 mil por dia e réu que descumpri-la, sem prejuízo de outras sanções cíveis e criminais cabíveis”.
De acordo com informação da administração municipal da capital paranaense, cerca de 500 pessoas estão acampadas na vizinhança do prédio da Superintendência da PF, o que vem causando transtornos aos moradores das ruas bloqueadas.
Presença incômoda
Também na sexta-feira, a prefeitura pediu a transferência do ex-presidente da carceragem da seda da PF no Paraná para outro local, ainda que no mesmo Estado. Sem definir para onde Lula seria transferido, a procuradora-geral do Município, Vanessa Palácios, alegou que a presença do líder petista causa transtornos aos moradores do entorno da sede da PF e aos funcionários da instituição.
Já os representantes do acampamento formado por militantes petistas informaram que se Lula for transferido eles vão montar outro acampamento perto do local. Em reunião em São Paulo, os principais dirigentes e líderes do PT avaliaram que Lula só terá a sua prisão revertida se o partido conseguir ampliar as mobilizações em favor do ex-presidente, tanto entre a população como no mundo político.
Na quarta-feira, o Sindicato dos Delegados da Polícia Federal no Paraná já havia emitido uma nota alegando que o acampamento em frente à sede local da corporação tem causado “graves inconvenientes e atrasos nos atendimentos e ações policiais”. A cúpula da entidade pede que o petista seja transferido para um local com “melhores condições de segurança”, como algum quartel das Forças Armadas “que possua efetivo e estrutura à altura dos riscos envolvidos”.
O sindicato afirma que o entorno da sede da PF foi alvo de uma “invasão” de centenas de pessoas ligadas “a movimentos sociais e outras facções”. Além dos termos inapropriados para se referir a manifestantes, a nota afirma que o acampamento tem prejudicado a realização de atividades relacionadas à rotina policial, entre eles, emissão de passaportes e questões relacionadas a produtos químicos, segurança privada, armas e emissão de certidões de antecedentes criminais.
A explicação dos delegados não reserva qualquer crítica ao responsável pela decisão, o próprio Moro. Não havia dúvidas que uma prisão do ex-presidente levaria a uma comoção suficiente para promover grandes aglomerações de apoio ao petista. Os dias de vigília contra a prisão de Lula no Sindicato dos Metalúrgicos já indicavam que haveria mobilização após sua prisão. Ainda assim, os agentes federais preferem culpar os apoiadores do réu pelo transtorno, e não o magistrado responsável pelo caso. Na ocasião, o acampamento Lula Livre reagiu às declarações com uma nota.