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Por Redação O Sul | 8 de agosto de 2020
No momento em que a Nasa descobre um objeto cósmico, como planetas, galáxias e nebulosas, os cientistas dão um apelido não oficial para facilitar seu reconhecimento pelo público geral. O nome, que tem o objetivo de ser acessível, geralmente invoca a aparência do que foi encontrado — como a nebulosa Barnard 33, mais conhecida como “Nebulosa da Cabeça de Cavalo”.
No entanto, alguns termos usados pela agência espacial dos Estados Unidos são considerados ofensivos e, indiretamente, acabam reforçando estereótipos e preconceitos enraizados na sociedade e na ciência. Por isso, a Nasa comunicou que está revendo o uso dessas terminologias como parte de seu compromisso com a diversidade, a igualdade e a inclusão.
“Queremos que todos os nomes estejam alinhados com nossos valores de diversidade e inclusão, e trabalharemos proativamente com a comunidade científica para ajudar a garantir isso”, explicou Thomas Zurbuchen, administrador associado da Diretoria de Missões Científicas da Nasa. “A ciência é para todos, e todos os aspectos do nosso trabalho precisam refletir isso”.
Os primeiros nomes abandonados
Como passo inicial, o apelido “Nebulosa Esquimó” não será mais usado como referência à nebulosa planetária NGC 2392. O termo inicialmente foi dado pois a estrutura central do fenômeno lembra uma cabeça, e o disco exterior assemelha-se a um capuz de parka — roupa usada pelos povos indígenas que vivem no Círculo Polar Ártico. Acontece que “esquimó” é amplamente visto como um termo colonial racista, já que foi imposto a essas pessoas no sentido de “barbárie”.
Outro nome que será deixado de lado é “Galáxia dos Gêmeos Siameses”, usado para se referir ao par de galáxias espirais NGC 4567 e NGC 4568. O apelido foi dado pela aparência semelhante e porque elas parecem estar conectadas. Porém, originalmente, a palavra “siamês” surgiu em referência a dois irmãos tailandeses que nasceram conjugados no século 19. Chang e Eng Bunker eram vistos como aberrações em sua cultura local e sofreram discriminação porque eram conectados pelo tórax.
Segundo a Nasa, o trabalho de revisão será feito em parceria com especialistas em diversidade, inclusão e igualdade nas ciências astronômicas e físicas para fornecer orientação e recomendações para que outros apelidos e termos sejam revistos. “A ciência depende de diversas contribuições e beneficia a todos, então isso significa que devemos torná-la inclusiva”, diz Stephen T. Shih, administrador associado de diversidade e igualdade de oportunidades da agência.