Quarta-feira, 30 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 24 de julho de 2025
Apesar da pressão do PL para que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se afaste da sobretaxa do presidente americano Donald Trump contra o Brasil, seu companheiro de lobby nos Estados Unidos, Paulo Figueiredo, saiu em defesa da medida. “Achamos ótimo. O Brasil merece a tarifa Moraes”, disse ao blog do jornalista Octavio Guedes na quarta-feira (22), em referência ao ministro Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que relata o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por golpe de Estado.
Ao anunciar as tarifas, Trump citou o julgamento de Bolsonaro, e afirmou que o ex-presidente vive uma “caça às bruxas”. O republicano também contrariou os dados oficiais ao dizer que os EUA têm prejuízo na relação comercial com o Brasil.
Em resposta, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, afirmou que a medida se baseou em “compreensão imprecisa dos fatos”. O governo Lula (PT) expressou indignação e cobrou uma resposta a uma carta enviada em maio aos EUA, propondo negociações tarifárias.
Figueiredo reafirmou que ele e Eduardo trabalhavam por sanções específicas contra Moraes.
“Mas o presidente Trump entendeu que o melhor caminho para obter os resultados que ele acha que são do interesse dos Estados Unidos é outro. E, ainda assim, achamos ótimo”, afirmou Figueiredo.
De acordo com informações do blog da jornalista Andréia Sadi, o PL busca uma saída política para a crise do tarifaço do republicano contra o Brasil pois quer evitar desgastes para o candidato da direita em 2026. Segundo integrantes do partido, a direita passa por um mau momento com a medida, e Eduardo Bolsonaro deveria se afastar publicamente do tarifaço.
Comitiva de senadores
Em outra frente, Paulo Figueiredo (ex-apresentador da Jovem Pan) afirmou nessa quinta-feira (24) que a comitiva de senadores brasileiros “vai quebrar a cara” ao viajar ao país para tentar negociar um recuo no tarifaço. Suprapartidário, o grupo inclui dois ex-ministros do governo Bolsonaro.
“A comitiva está perdendo o tempo e vai quebrar a cara. Não há o que fazer sem um sinal claro e um compromisso de que o Brasil atenderá as demandas do presidente Trump”, disse Figueiredo. Questionado se vai encontrar os parlamentares ou compartilhar contatos com o grupo, ele negou.
Figueiredo foi denunciado há cinco meses no processo da trama golpista, em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). Até o momento, ele não apresentou defesa, e deve ser julgado à revelia.
Nesta sexta-feira (25), oito senadores viajarão a Washington para discutir o tarifaço contra importações brasileiras, previsto para entrar em vigor na sexta-feira, 1º. Antes do embarque, os parlamentares já se reuniram com o chanceler Mauro Vieira na quarta-feira, 23. Nos EUA, o grupo irá à Embaixada brasileira e à Câmara de Comércio daquele país.
A missão será liderada por Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Casa, e tem perfil suprapartidário, com senadores dos partidos do presidente Lula (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em entrevista à Coluna no último dia 14, Eduardo Bolsonaro reforçou que ele e Figueiredo participaram das discussões com o governo americano que levaram o presidente dos EUA, Donald Trump, a anunciar o tarifaço, e que as negociações do Brasil sobre a super taxação precisam passar pela dupla.
“O primeiro movimento (de negociação) tem que ser com as pessoas que tiveram mais sucesso que a diplomacia brasileira”, disse, na ocasião, ao ser indagado sobre a investida do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para se colocar como um intermediário.
“Eu e Paulo Figueiredo conseguimos levar fatos à Casa Branca que culminaram no momento que a gente está vivendo agora. Os canais corretos a serem buscados não são com os políticos tradicionais, mas sim comigo e com Paulo Figueiredo”, completou.