Quinta-feira, 06 de março de 2025
Por Redação O Sul | 6 de agosto de 2024
Em divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) — que definiu a manutenção da taxa básica de juros (a Selic) em 10,5% — do Banco Central (BC) nessa terça-feira (6), a autarquia monetária do Brasil se mostrou preocupada com a alta do dólar e “unanimemente, reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado”.
A Selic influencia outras taxas de juros do País, como taxas de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras e é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo BC para controlar a inflação. Acontece que o presidente da instituição, Roberto Campos Neto (que foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm tido embates quanto à série de cortes ou aumentos da Selic. De um lado, justifica-se o dólar como um sinal de que é preciso ser mais cauteloso com a inflação, freando o consumo, do outro, de que o valor é exorbitante e limita o crescimento do País.
Na decisão de 31 de junho, o Copom decidiu pela segunda vez a manutenção do valor de 10,5%, encerrando o ciclo de cortes que o governo já considerava pequeno. Na ocasião, o BC citou que seus conselheiros (incluindo aqueles indicados pelo petista) avaliaram que o mercado (investidores e especuladores) têm receio sobre o cumprimento da meta de déficit zero neste ano, uma promessa de campanha de Lula.
Já no documento apresentado hoje, o banco informou em ata que as manutenções recentes foram condicionadas pela expectativa de inflação (o boletim Focus de agosto, também do BC, calcula uma estimativa de 4,12%, a meta central é de 3%, podendo variar de 1,5% a 4,5% para ser considerada como “cumprida”) e a taxa de câmbio (valor do dólar).
“Tais movimentos se mostrarem persistentes, os impactos inflacionários decorrentes podem ser relevantes e serão devidamente incorporados pelo Comitê. Em função disso, o Comitê avaliou que o momento é de acompanhamento diligente dos condicionantes da inflação e de maior vigilância perante um cenário mais desafiador”, informou o BC em ata do Copom.
Ao comitê, a “percepção mais recente dos agentes de mercado” (investidores de ativos especulativos) é a de que o governo tem ampliado os gastos de maneira desproporcional aos cortes apresentados, o que pode comprometer não somente a meta mas todo o arcabouço fiscal da União. Avaliou que decisões da ala econômica “vem tendo impactos relevantes sobre os preços de ativos e as expectativas [econômicas, como a meta da inflação e o déficit]”.
”Desse modo, o Comitê, unanimemente, avalia que o momento corrente é de ainda maior cautela e de acompanhamento diligente dos condicionantes da inflação, sem se comprometer com estratégias futuras”, informou a autarquia.
Por fim, finaliza que a discussão da reunião (que manteve a Selic em 10,5%) avaliou que a melhor estratégia seria, de um lado, a “ manutenção da taxa de juros por um tempo suficientemente longo”, o que “levará a inflação à meta no horizonte relevante”, e de outro, estar pronto para elevar a taxa básica de juros visando atingir a meta.