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Por Redação O Sul | 23 de abril de 2020
Apesar dos alertas de autoridades sanitárias, vários Estados americanos vêm retomando as atividades econômicas em meio à pandemia do novo coronavírus.
Os Estados Unidos têm mais de 830 mil casos confirmados e 46 mil mortos, a maioria em Nova York, New Jersey, Massachusetts e Califórnia, onde a curva de contágio mostra desaceleração do vírus. O problema é que, em um país grande e diverso, cientistas temem que a crise ainda não tenha atingido o pico em Estados menos populosos.
Pressionados por empresários, grupos de extrema direita e pelo presidente Donald Trump, muitos governadores, principalmente os republicanos, estão acelerando o relaxamento das medidas de distanciamento social, ainda que os cientistas digam que pode ser cedo demais e alertem que uma segunda onda de infecções pode ser mais devastadora do que a primeira.
Nesta sexta (24), os moradores da Geórgia terão permissão para voltar à academia, cortar o cabelo e até fazer tatuagens. Na segunda-feira (27), já vão poder jantar em restaurantes e ir ao cinema. O relaxamento tem a assinatura do governador republicano Brian Kemp, apesar dos sinais de que o surto está apenas começando no Estado.
Deborah Birx, membro da força-tarefa da Casa Branca de combate ao vírus, reagiu e disse que não sabe como as pessoas podem operar salões de beleza e estúdios de tatuagem e manter o distanciamento social ao mesmo tempo. “Se existe uma maneira de fazer essas coisas, eles podem”, afirmou. “Eu não sei como. Mas as pessoas são muito criativas.”
No Tennessee, o governador Bill Lee, também republicano, disse que não estenderia a quarentena, que expira dia 30. Segundo ele, “a grande maioria das empresas” terá permissão para reabrir em 1º de maio. Kemp e Lee expressaram preocupação com as liberdades civis e com a tensão que o fechamento da economia provocou.
Em Ohio, o governador, Mike DeWine, também autorizou a reabertura de empresas no primeiro dia de maio. “Faremos o que achamos certo, que é tentar reabrir a economia”, disse. “Mas faremos com cuidado para não matarmos muita gente.”
Na Carolina do Sul, o governador Henry McMaster disse que lojas de departamento e outras de varejo, que antes eram consideradas não essenciais, poderiam reabrir na semana que vem, mas seguindo distanciamento social. O acesso às praias também será liberado.
Embora haja sinais de que o surto está se estabilizando em partes dos EUA, a ameaça cresce em outros Estados, principalmente no Sul. Robert Redfield, diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), disse que uma segunda onda de infecções no país teria efeitos muito piores, uma vez que coincidiria com o início da temporada de gripe. “Existe a possibilidade de que o ataque do vírus no inverno (em dezembro) seja ainda mais difícil do que este que acabamos de passar”, disse Redfield, que teme misturar casos de coronavírus e H1N1 no mesmo período.
Ele lembrou que, durante a pandemia de H1N1, em 2009, os EUA registraram a primeira onda de casos na primavera, seguida por uma segunda onda maior no outono e inverno, durante a temporada de gripe.