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Esporte Apocalipse do Brasil na Copa do Mundo completa um ano

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Por 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 vezes, o Brasil buscou a bola no fundo das redes naquele 8 de julho de 2014 (Foto: AFP)

Por André Malinoski/Editor de Esporte de O Sul

Responda rápido: onde você estava no dia 8 de julho de 2014? Na ocasião, Brasil e Alemanha se enfrentavam pelas semifinais da Copa do Mundo no Mineirão, em Belo Horizonte. O resultado foi como um punhal que cortou a carne da Seleção Brasileira e deixou uma cicatriz profunda e ainda longe da cicatrização. Aquele 7 a 1 foi arrasa-quarteirão. Foram quatro gols sofridos num espaço de seis minutos. O primeiro tempo da partida terminou 5 a 0 para os alemães. Muita gente chorou. Não dava para acreditar.

Nunca antes o Brasil havia levado uma goleada tão emblemática. Nunca uma seleção em Copa do Mundo perdera por 7 a 1 um jogo de semifinal. Os gols de Müller, Klose – que chegou aos 16 em Mundiais e ultrapassou Ronaldo, com 15, como o maior artilheiro da história –, Kroos (dois golaços), Khedira e Schürrle (também dois tentos) deixaram os brasileiros sem pai nem mãe em campo. E partiram corações nas arquibancadas, onde crianças e adultos levavam às mãos ao rosto coberto de lágrimas. Oscar ainda descontou no apagar das luzes, mas alguma coisa havia mudado entre os brasileiros.

Afinal, ainda éramos os melhores do mundo? Com certeza, não. Ainda éramos (e somos) os maiores vencedores das Copas com cinco títulos, mas nos deitamos em algum berço esplêndido nas salas do passado. Paramos no tempo e aquele 7 a 1, ainda tão vivo, precisa ser lembrado. Necessitamos tirar alguma lição daquela humilhação histórica.

Cena comum naquele dia: bola no fundo das redes do Brasil. (Foto: Odd Andersen/AFP)

Cena comum naquele dia: alegria dos alemães em contraste com a desolação brasileira (Foto: Odd Andersen/AFP)

Não é fácil lembrar ou tentar explicar o que aconteceu com o Brasil no dia 8 de julho de 2014. O técnico Felipão, por exemplo, comandante do Penta em 2002, jamais havia sido derrotado com a equipe verde e amarela em uma Copa. Quando perdeu, foi de 7 a 1. E Parreira, o líder do Tetra, estava ao seu lado. O banho de bola respingou para todos os lados.

A palavra mais usada nas entrevistas foi “apagão”. Um “apagão” teria tomado conta do time brasileiro durante alguns minutos do primeiro tempo. Será que foi apenas isso? Não faltaram outras coisas para a equipe conquistar o Hexa?

O Brasil parece estar paralisado até agora, como se não tivesse digerido aquela derrota. O melhor é deixar você, prezado leitor, tirar suas próprias conclusões. O apocalipse aconteceu há exatamente um ano. Abaixo, apontamos sete sintomas de que algo não estava bem muito antes e durante aquele 8 de julho.

Comemoração dos alemães no Mineirão. Era outro gol dos europeus. (Foto: AFP)

Comemoração de Thomas Müller no Mineirão. Era o primeiro dos sete gols dos europeus na partida (Foto: AFP)

1°) Copa das Confederações

A conquista do título da Copa das Confederações de 2013 foi legítima, mas mascarou algumas deficiências na Seleção Brasileira. O time de Luiz Felipe Scolari, que atuava no 4-2-3-1, superou na competição alguns gigantes do futebol, como a Itália, o Uruguai e a então campeã mundial Espanha, por 3 a 0, na final.

Os italianos e os espanhóis deram vexame no Mundial de 2014 sendo eliminados na fase de grupos, e a Celeste se despediu na segunda fase depois de derrota para a Colômbia. Ou seja: os três tradicionais adversários não estavam bem.

Não é uma questão de diminuir a importância do título verde e amarelo em 2013, mas o triunfo só serviu para aumentar a confiança de que o Brasil venceria a Copa de 2014 com facilidade.

2°) Pressão da própria comissão técnica

Não foram poucas as vezes que o técnico Felipão e o coordenador Parreira disseram, de forma pública, que o “Brasil já está com uma mão na taça” e “vamos vencer a Copa do Mundo”. Declarações com o objetivo de serem positivas tiveram efeito contrário sobre os jogadores, que demonstraram falta de equilíbrio emocional em momentos cruciais do Mundial de 2014. Até o slogan do ônibus da Seleção Brasileira era de uma presunção escancarada. A frase dizia: “Preparem-se! O hexa está chegando!”

3°) Neymardependência

Qualquer observador mais atento da Seleção Brasileira sabia, antes mesmo de a Copa de 2014 iniciar, que o Brasil tinha apenas um virtuose – Neymar. O craque do Barcelona já havia dado exibições de luxo na Copa das Confederações e estava em fase muito positiva.

Neymar marcou quatro gols na competição, todos na primeira fase. Dois contra a Croácia e dois diante de Camarões. Passou em branco ante o Chile e a Colômbia nas fases eliminatórias. A equipe não conseguia se impor com facilidade quando o camisa 10 não estava em alta. Para piorar, o ex-santista foi tirado da Copa depois de lance violento de Zúñiga, da Colômbia, que poderia ter aleijado o atleta.

Outros jogadores tiveram relativo sucesso na Copa, especialmente a dupla de zaga Thiago Silva e David Luiz. O primeiro teve uma crise nervosa, sentou na bola e sequer quis acompanhar as cobranças de pênaltis na partida com o Chile. Ele era o capitão do time. Outros, como Oscar, Daniel Alves (que chegou a perder a posição de titular durante o torneio), Marcelo e Willian deram uma resposta mediana. Não foram protagonistas.

4°) Instabilidade emocional

Alguns fatos foram emblemáticos para evidenciar o desequilíbrio emocional do grupo de jogadores. O caso de Thiago Silva, já citado no tópico anterior, é o principal deles. Nunca se espera do capitão do time qualquer tipo de hesitação ou fragilidade, muito menos choro antes de cobranças de pênaltis. Outros colegas de equipe também romperam em choro diante dos chilenos.

David Luiz foi instável de outra maneira. Era comum não guardar posição em momentos cruciais dos jogos, aparecendo até como ponta avançado e ao lado de Fred no ataque. Foi o que se chama na gíria do futebol de “peladeiro” em ocasiões importantes. Estava muito tenso na partida com os alemães.

A ideia não é apontar um culpado, mas foi David Luiz que estava desatento no escanteio que resultou no primeiro gol da Alemanha. Müller apareceu livre no centro da área, onde David deveria estar de prontidão. Fernandinho também perdeu a bola na frente da área que resultou no quarto gol dos oponentes, o segundo de Kroos na partida.

Na disputa do terceiro lugar contra a Holanda, Neymar ficou com os colegas no banco de reservas. O jogador, que estava fora da Copa por causa da lesão nas costas, foi flagrado pelas câmeras de televisão na beira do campo passando instruções sem se importar com a presença do técnico Felipão no espaço. A bagunça na Seleção era mostrada a cores para o mundo inteiro.

5°) Pouco treino e sem jogadas ensaiadas

Você lembra de alguma jogada ensaiada do Brasil na Copa de 2014, seja cobrança de falta ou escanteio? Não é algo que a equipe canarinho pareceu ter durante as partidas. Até as primárias triangulações entre os jogadores apareceram de forma discreta em campo.

A principal jogada brasileira era a chamada “ligação direta”. Os zagueiros davam balões para os atacantes sem a bola passar de forma cadenciada pelos homens de meio de campo. Contra a Alemanha, quando o Brasil iniciou com uma meia-cancha frágil e cedeu espaços, os balões para o ataque foram constantes.

A imprensa esportiva que acompanhou os treinamentos do time pentacampeão também verificou que poderia ter tido mais trabalho. A Seleção treinou menos do que deveria.

6°) Falta de qualidade

Será que a Seleção Brasileira que terminou o Mundial na quarta colocação era boa? A safra de jogadores não encheu os olhos. Neymar é a estrela solitária do time até hoje. Talvez mais uns dois ou três possam ser referências no futuro, mas ainda não são.

Essa carência de qualidade foi reafirmada com a eliminação da Copa América do Chile deste ano. Os brasileiros sequer chegaram às semifinais e deram vexame na competição. Outra vez Neymar não esteve com a equipe em momento decisivo, dessa vez por causa de uma suspensão.

7°) Erro de escalação e tática contra os alemães, além de desatenção

Sem Neymar, o técnico Felipão optou por escalar o baixinho e frágil Bernard diante dos germânicos. O jogador até tentou, mas foi neutralizado pelos marcadores. Hulk também conseguiu pouco em campo, e Fred dispensa comentários. O centroavante jogou parado e foi muito vaiado no Mineirão.

Para piorar, a meia-cancha nacional estava fragilizada e deu muitos espaços aos adversários. Luiz Gustavo e Fernandinho naufragaram diante dos meias da Alemanha. O Brasil só melhoraria com os ingressos de Paulinho, Ramires e Willian na equipe.

Prova disso é que os primeiros 10 minutos do segundo tempo mostraram o Brasil mais ligado e agressivo no jogo. O meio estava mais protegido e não havia espaços generosos para os alemães ocuparem.

Os jogadores brasileiros precisarão responder pelo 7 a 1 até o fim de suas vidas. Não houve um culpado de forma individual, nem mesmo Julio César que sofreu sete gols. A desatenção foi evidente e os marcadores foram facilmente envolvidos pelo ataque europeu. No terceiro tento alemão, Kroos estava livre de marcação na risca da grande área. O gol de Khedira, por exemplo, pareceu jogada de treino. Ninguém tentou bloquear o jogador. Os passes errados e a fragilidade do meio de campo brasileiro foram agentes facilitadores da performance e do placar elástico.

Sempre haverá mais o que dizer ou lembrar. A Alemanha, é preciso reconhecer, teve uma atuação fantástica. Além dos erros do Brasil, há os méritos dos vencedores. Não é demais recordar que os alemães passaram por Portugal, EUA e França antes de medirem forças com os brasileiros. Todos oponentes de respeito. E bateram a Argentina de Messi na decisão. Que a lição do 7 a 1 sirva para o futuro.

Se você deseja lembrar aquele confronto na íntegra, basta clicar aqui e rever no YouTube. A transmissão é da Rede Globo, com narração de Galvão Bueno e comentários de Casagrande e Ronaldo.

 

 

fichadojogo



bandeira_brasilBRASIL

1

Julio César
Maicon
David Luiz
Dante
Marcelo
Luiz Gustavo
Fernandinho
(Paulinho)
Hulk
(Ramires)
Oscar
Bernard
Fred
(Willian)

Técnico
L. F. Scolari

bandeira_alemanhaALEMANHA

7

Neuer
Lahm
Boateng
Hummels
(Mertesacker)
Höwedes
Khedira
(Draxler)
Schweinsteiger
Kroos
Müller
Özil
Klose
(Schürrle)

Técnico
Joachim Löw

bolafutebolLocal: Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte (MG). Quando: 08/07/2014. Arbitragem: Marco Rodriguez, com Marvin Torrentera e Marcos Quintero (trio do México). Cartão amarelo: Dante (BRA). Gols: Müller (11min/1°T), Klose (23min/1°T), Kroos (24min/1°T e 26min/1°T), Khedira (29min/1°T) e Schürrle (24min/2°T e 34min/2°T); Oscar (45min/2°T). Público: 58.141.

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