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Mundo Até o consagrado William Shakespeare consumia maconha

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William Shakespeare teria fumado a erva em cachimbos. Crédito: Reprodução

Oito cachimbos encontrados na casa que pertenceu ao dramaturgo inglês William Shakespeare continham traços de maconha. A revelação, divulgada por cientistas sul-africanos, traz à tona a característica camaleônica da história da cannabis sativa: ao longo dos séculos, a droga foi usada de diferentes formas por diferentes grupos, de escravos a nobres e intelectuais. Chamada de haxixe, pito do pango, cigarro da Índia, cânhamo – um anagrama da palavra “maconha” – e de outras alcunhas, a planta circulava livremente até se tornar uma “erva maldita” no século passado, quando surgiu a maior parte das leis para reprimir seu consumo, o que não impediu sua popularização entre os jovens nos anos 1960, sob um contexto de rebeldia.
Nos últimos anos, porém, uma tendência de aceitação à maconha vem se espalhando. Enquanto em diferentes locais, como Uruguai, Portugal e certos Estados americanos, a legislação foi alterada para tolerar o uso da droga, no Brasil, um julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) pode descriminalizar o porte da substância – bem como de outras drogas – para uso pessoal.

Na época de Shakespeare, que viveu entre fins do século 15 e início do 17, o uso da erva era hábito comum em países orientais, como China e Índia (especialmente para comer e beber em forma de chá), onde acredita-se que ela já fosse consumida milênios antes de Cristo. Já era também conhecida no Norte da África, em nações como o Egito e na região do Magreb (do Marrocos à Líbia), de onde mais tarde se espalhou para o resto do continente africano. A possibilidade de um intelectual inglês ter entrado em contato com a planta nesse período pode ser justificada pelas trocas comerciais e culturais da Inglaterra com o Oriente, por meio das grandes navegações.

“Esse foi o período da expansão econômica europeia, então é possível que algum tipo de cannabis para consumo tenha chegado à Inglaterra”, afirma Rogério Rocco, especialista em Direito Ambiental e revisor técnico de “O Grande Livro da Cannabis”, publicado pelo americano Rowan Robinson. “Com as navegações chinesas do século 15, que formaram os mapas náuticos que os europeus usaram para chegar às Américas e à Oceania, os mercadores da China fizeram muitas trocas de plantas e animais com outros países. Este é um elo que pode explicar a chegada da maconha à Europa”.

Fibras de velas.

Outra hipótese para explicar o contato dos europeus com o preparo do cânhamo para consumo naquela época é que o produto já era utilizado para construir as fibras de velas e outras estruturas das naus.“Os europeus passaram a produzir o cânhamo em suas próprias terras para fomentar sua expansão econômica no século 16”, conta Rocco.

Para o historiador e professor Jean Marcel Carvalho França, no entanto, é pouco provável que um intelectual europeu tenha adquirido o hábito de fumar maconha naquela época. “Seria mais coerente Shakespeare tomar mandrágora, que tem efeito parecido com o da maconha e era muito comum entre os europeus daquele tempo”, avalia. “Navegadores da Inglaterra podem até ter levado o haxixe ou alguma variante para o país, mas a cultura europeia era mais afeita ao álcool do que ao fumo. Uma das explicações para este último ter se tornado tão presente nas culturas árabe e africana é que ele não é visto como pecado contra a religião, enquanto o álcool é”.

Provavelmente, a primeira nação europeia a ter contato com a maconha, segundo o historiador, foi Portugal, também o primeiro país a conhecer a Índia. De forma geral, porém, apenas no século 19 tornou-se comum ver referências ao uso da planta no Velho Mundo. Foi um consumo protagonizado por artistas: Charles Baudelaire, Alexandre Dumas e Victor Hugo chegaram a criar o Clube dos Haxixeiros, em Paris.
Nesse mesmo período, o cânhamo era largamente plantado nos Estados Unidos. Até início do século 20, o produto foi muito utilizado para produzir de medicamentos a tecidos e papel.
No Brasil, considera-se que a cannabis chegou com os africanos, trazidos na condição de escravos. Porém, pesquisadores acham que os portugueses, que àquela altura já conheciam a erva, também podem ter inserido a planta na nossa cultura. O fato é que, desde o início da colonização até meados do século 19, o consumo do “pito do pango” ou do “fumo de Angola” era visto como um hábito qualquer – embora mais comum entre os negros.
A atividade não preocupava as autoridades públicas, e sim os senhores de escravos, que não permitiam que eles se distraíssem no trabalho.

“Devido à herança escravocrata, no Brasil, a maconha foi associada à vagabundagem. Os senhores achavam que os escravos se recusavam a trabalhar e se rebelavam porque usavam cannabis, e não porque o tratamento dispensado a eles era desumano” destaca Rogério Rocco. (AG)

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https://www.osul.com.br/ate-o-consagrado-william-shakespeare-consumia-maconha/ Até o consagrado William Shakespeare consumia maconha 2015-08-25
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