Colunistas Bolsonaro flerta com o espelho e outros temas

(Foto: Marcos Corrêa/PR)

Não, a coluna não tratará do flerte de Bolsonaro com o espelho e o flerte com outros temas. “Outros temas” é o que virá na sequência do comentário sobre as gafes e tiros no pé do Presidente. E por que “flerta com o espelho”? Simples. Porque o inimigo é ele mesmo.

No carnaval, Bolsonaro entrou na folia. Quando viu uma cena de golden shower – um gaiato urinando em cima de outro gaiato – o Presidente resolveu que o povo todo devia olhar esse episódio. Claro. Não fosse o Presidente divulgar na sua poderosa rede de neocarverna, poucos saberiam da pornográfica cena. E, bingo. Bombou.

Bom, agora o Presidente já sabe o que é o tal de golden shower. Dizem que o Queiroz já abriu uma franquia e vai transformar essa coisa de ouro em mais dinheiro, ele que é um expert em fazer crescer o dinheiro dos colegas de Assembleia Legislativa fluminense.

Para apagar a gafe do golden shower, o Presidente construiu uma caja chino para desviar a atenção. Só que, no seu improviso, lacrou, dizendo que a democracia sé existe se as Forças Armadas quiserem. Ups. Nem os militares gostaram.

Para fazer outra caja chino para cobrir a anterior, sua Excelência fez uma live, com vários temas. Procurou explicar o problema do banho de ouro e a declaração sobre os militares. Mas já aproveitou e improvisou de novo, falando que vai extinguir as lombadas (baita tema para o Presidente de um país do nosso tamanho) e que o concurso do Banco do Brasil está mal porque exige curso contra assédio sexual. Vai indo bem o Presidente. Basta ver os editoriais do esquerdista jornal O Estado de São Paulo.

Já os ministros… bem, a Damares dispensa comentários. O do Turismo está por um fio, resvalando em casca de laranja. O da Educação queria transformar as escolas em um apêndice do governo, obrigando os alunos a cantar o hino nacional e os professores de filmar os cantantes (e provavelmente os não cantantes, para serem castigados; do contrário, qual o sentido da filmagem? Voyerismo patriótico?).

Nesse campo, paro por aqui. Acrescento o tema Reforma da Previdência. Leio que dois dos 31 deputados gaúchos (Bibo Nunes e Marcelo van Hattem) são a favor da aprovação total do pacote. Fiquei pensando: isso é que é fidelidade. Tão forte que se dispõem a votar até na emenda jabuti que tira a multa do FGTS de quem se aposenta e continua trabalhando. Uau. Quer dizer que, para receber um direito – a aposentadoria – o utente tem de abrir mão de outro direito, a multa do FGTS em caso de demissão?

Eles também são a favor da idade de 62 anos para as mulheres. Os dois deputados são tão a favor do projeto que nem o próprio Presidente está a favor, porque disse que aceita passar de 62 para 60 anos a idade mínima das mulheres. Mas quem matou a charada foi o deputado Marcelo Morais. Disse: não apoio totalmente, mas apoio o fim dos privilégios. Sim, mas qual é a parte em que o deputado não concorda? Ou quais os pontos? Nada disse. Também… essa reforma é muito longa.

Mientras, ligo para a Claro para resolver um problema de internet. Falo com uma máquina que, “inclusivamente”, comete erros de português. Troca o tu por você. E gerundeia. Hum, hum. Nem a máquina acerta? Depois de a ignorante máquina me remeter para outro ramal, toca uma música por longos 27 minutos. E em seguida, cai a linha. A Claro vai receber o prêmio inovação. Tudo é automação. Não há mais ninguém de carne e osso trabalhando lá. Lá nem precisa reforma trabalhista ou da Previdência.

E eu vou estocar comida. Antes que Luizinho, Huguinho e Zezinho venham atrás de mim, se me entendem o irônico sarcasmo (o que seria isso?). Sei lá. Como diz a máquina da Claro, vou estar te passando…! Bingo. Binguíssimo.

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