Domingo, 12 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 25 de agosto de 2017
A capa de uma popular revista semanal de notícias alemã mostra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vestido com uma bandeira americana e fazendo uma saudação nazista. A publicação está sendo criticada por grupos judaicos. A ilustração da revista “Stern” faz parte de uma história de capa intitulada “Sein Kampf”, que se traduz como “Sua luta”, fazendo alusão ao livro “Mein Kampf” de Adolf Hitler. “Neonazistas, Ku Klux Klan, racismo: como Donald Trump agita o ódio nos Estados Unidos”, escreveu a revista na capa.
A capa vem na sequência de uma indignação mundial após a recusa de Trump de condenar os neonazistas e supremacistas brancos que protestaram contra a remoção de uma estátua em Charlottesville, Virgínia. O protesto terminou em violentos distúrbios com ativistas antirracismo e uma mulher morta.
O Centro Simon Wiesenthal, com sede em Los Angeles, diz que tem sido “sincero em criticar o presidente Trump por não ter feito uma distinção entre os manifestantes nazistas e KKK e aqueles que se opuseram a eles”. Porém, disse que “a representação do presidente como um Hitler nos últimos dias por uma grande publicação alemã é falsa e passou dos limites”.”Os alemães devem certamente saber que, ao apropriar indevidamente símbolos nazistas, eles se depreciam e se tornam crimes passados “, afirmou o centro.
” O novo presidente republicano é um empresário para quem acordos e compromissos fazem parte, afinal, do próprio negócio. Para Hitler, por outro lado, qualquer acordo era um mau acordo. Por isso, em última análise, a abordagem política deles é completamente diferente para além da campanha eleitoral. Isso não significa que Trump não seja perigoso. O arriscado está no fato de o republicano, como demagogo e populista, fazer e dizer tudo que for necessário para chamar atenção e chegar ao poder. Na melhor das hipóteses, isso significa que teremos um presidente que talvez não nos agrade muito, mas que não é nenhuma catástrofe, já que aceita acordos e compromissos”, avalia Thomas Weber, professor de História e Política Internacional e diretor do Centro de Segurança Global na Universidade de Aberdeen, na Escócia.
Comemoração da chamada “nova direita” americana
No ano passado, alguns dos principais membros da chamada “nova direita” americana, um movimento nacionalista que ajudou a impulsionar Donald Trump à presidência, reuniram-se em Washington, capital dos Estados Unidos, para discutir como o grupo podia “começar a influenciar a política e a cultura” sob a administração de Trump. Num discurso mais acalorado, Richard Spencer, presidente do Instituto de Política Nacional, comemorou a vitória de Trump entoando a saudação nazista.
Richard continuou o discurso enfatizando que “a América era, até a geração passada, um país branco destinado ao povo branco” e alternou trechos em alemão, ao relembrar a propaganda nazista, e finalizou sua fala dizendo que a mídia protege os interesses judeus.
Na ocasião, o Museu do Holocausto se pronunciou após o discurso e disse, através de um comunicado, que “o Holocausto não começou com as mortes e, sim, com palavras”.